#I'll Point You To The Mirror;
À primeira vista, ela poderia aparentar ser engraçada. Ou talvez esquisita. Ou talvez aborrecida. Ou talvez até mesmo idiota. Mas será mesmo que de perto ela continuaria a ser daquele modo?
Tudo indica que sim, porque ninguém se aproxima dela. Ninguém quer saber seu nome, ou se é verdade que ela não precisa de algum tipo de ajuda. Ela é ignorada por todos que a olham e que a interpretam mal. Que a julgam antecipadamente. Ela é apenas mais uma e ela sabe disso.
E é bem assim que julgamos todos pela aparência, pela roupa ou pela cor de cabelo. Será mesmo que a menina rejeitada é tão insuportável assim? Será mesmo que ela não merece nenhum tipo de atenção? Só porque está calada e é loira?
Sim, essa fui eu. No dia, depois de ter conversado com essa menina, senti-me a pior pessoa de todas, porque a Kell é a menina mais fofa do mundo. De verdade. E eu a achava uma metida e mal-encarada. Só porque ela não tinha ainda feito amigos ou porque estava entretida demais com os estudos.
Por que eu achava que tinha o direito de apontar o dedo para a Kelly e pensar tudo a seu respeito, quando, na verdade, eu nem ao menos sabia qual era a sua cor favorita? E eu tenho vergonha de admitir, mas tudo começou porque ela é loira! Só por causa de seu cabelo (que hoje acho o mais lindo de todos *-*)! Eu nunca fui de apontar para uma loira e dizer que ela é burra, mas eu sou do tipo que não aprecio pessoas loiras no geral. Acho que eu fui traumatizada por toda a indústria de Hollywood ao colocarem uma loira malvada nas histórias. E esse meu, digamos, "pavor", me levou a excluir a Kelly. E eu me lembro bem da manhã em que ela me pediu (com a maior educação) para sentar-se ao meu lado. Eu não poderia falar não, porque eu não sou do tipo que nego tudo. E então começamos a conversar sobre aquela aluna que tinha "roubado" seu lugar na sala e tudo começou a acontecer. Eu me senti super mal e super exclusivista. Comentei com a Daiane sobre como nós tínhamos julgado mal a Kelly, e a partir daquele dia eu ia para a aula só para rir junto com a Kelly ou só para animar seu dia. Ela começou a ser uma espécie de melhor amiga fofa, sabe. E ainda que ela tenha mais idade que eu não é algo que barra a nossa amizade; acho que muito pelo contrário. Somos iguais em algumas coisas, mas opostas em outras, e isso que é legal em uma amizade. Nós concordamos e discordamos.
Agora eu pergunto para o mundo: se a metade da sociedade fizesse o que fiz por praticamente oito meses, o que vai restar dessas meninas fofas que nunca descobrimos? Porque é verdade que podemos estar ignorando a menina mais legal do mundo só porque ela tem o cabelo vermelho ou se veste como, sei lá, gótica. E pior do que julgar as pessoas pela aparência é julgá-las pelo gosto pessoal. Será mesmo que só por que tal pessoa torce para o time rival do meu preciso ameaçá-la de morte? E é por isso que eu mais me identifico com o mundo da música do que pelo mundo do futebol. No mundo da música existem, sim, os loucos, os pirados, mas a música une essa gente por causa de uma canção ou por conta de um artista.
Então, por que não paramos de apontar o dedo para as pessoas? Instinto? Maldade?
Se eu não tivesse deixado a Kelly sentar-se ao meu lado naquele dia e iniciado uma conversa com ela, ela nunca teria se tornado a pessoa mais fofa do mundo para mim. Eu nunca teria me apaixonado por esmaltes e nunca teria descoberto que ela também é fãzona de Paramore.
next time you point a finger i'll point you to the mirror ♪
Beijo beijo :*
Nina H.
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