#Tomorrow It May Change

Acordamos e pensamos que faremos tudo o que planejamos. Absolutamente tudo, sem erros, sem arrependimentos. Mas aĆ­... acontece aquilo. Aquela pequena fração de segundos que nĆ£o deverĆ­amos ter presenciado se desenrolou diante de nós, desviando-nos de nossos planos. E exatamente como o dia comeƧou, ele chegou ao seu fim. Assim. Em um instante, vocĆŖ nĆ£o tem mais nada. VocĆŖ nĆ£o Ć© mais nada. 

Sei que parece ridĆ­culo, desnecessĆ”rio e atĆ© mesmo um pouco fora da realidade. Mas, de verdade, vocĆŖ consegue pensar nisso? Por cinco minutos? Esforce-se pra valer: o que verdadeiramente faria se o dia acabasse para vocĆŖ, repentinamente? Se vocĆŖ nunca tivesse a chance de acordar na sua cama de novo, se nunca mais sentasse na mesa com seus pais, se nunca mais olhasse a timeline do seu Facebook, se nunca mais abraƧasse de novo o seu cachorro? 

Qual seria a sua Ćŗltima mĆŗsica? Para quem vocĆŖ ligaria? Para quem mandaria uma mensagem? Quem abraƧaria? Quem escutaria vocĆŖ chorando, implorando ajuda, dizendo desculpas, ou meramente dizendo que nĆ£o quer morrer? Pense, de verdade, de coração. Quem? 

Mas Ć© aĆ­ que estĆ”. VocĆŖ nĆ£o sabe responder. NĆ£o porque nunca pensou nisso, mas porque acha que nunca vai passar por essa situação. Pode nĆ£o ser hoje, nem amanhĆ£. Mas, cara, ninguĆ©m sabe ao certo quando aquele segundo, aquele momento que vai mudar tudo, pode acontecer. 

Eu sei. Posso dizer que sei. Posso dizer que sei exatamente como Ć© essa sensação. Por um Ćŗnico segundo, por aquele Ćŗnico segundo, agora, mais de quatro meses depois, meu pai nĆ£o estĆ” mais aqui comigo. As coisas dele, todas as coisas dele, pessoais e de trabalho, estĆ£o encaixotadas, empilhadas, sufocadas - nos matando a cada hora, tentando testar o nosso limite. Aos poucos, elas se vĆ£o - terĆ£o de ir. Nada fica; nada Ć©, realmente, infinito. As coisas acabam. 

Um click. E depois, tudo se foi. Se foi para vocĆŖ. Para o seu pai. Para o sua mĆ£e. Para seus irmĆ£os. Para todos ao seu redor. Nunca serĆ£o recuperadas. As lĆ”grimas nĆ£o trarĆ£o ninguĆ©m de volta, o terror sempre ficarĆ” instalado no seu peito, como um apito constante - aquele apito que vocĆŖ quer se livrar de uma vez por todas. 


Ɖ aquela tensĆ£o que eu nunca mais quero reviver. Revivi hoje, porque era um episódio. Um episódio que, depois de hoje, vai ficar na minha memória. NĆ£o porque Ć© deste seriado em questĆ£o, nĆ£o por conta das mĆŗsicas, mas porque eu senti o que eles sentiram - ou atuaram sentir. Eu reconheci os olhares de pĆ¢nico, os olhos marejados, os pedidos de socorro, a seguranƧa ser arrancada deles naqueles minutos. Ah, os minutos. Eu nĆ£o consegui parar de tremer por conta deles, por causa do silĆŖncio, por conta do desespero. 

VocĆŖ pode pensar que nĆ£o Ć© bem assim. Mas, sim, Ć© exatamente assim. VocĆŖ acha que nĆ£o vai chorar, que vai ficar calma, que vai ficar no canto, muda, esperando ajuda, mas nĆ£o. VocĆŖ vai querer que alguĆ©m a esteja  abraƧando, dizendo que tudo vai ficar bem - mesmo que saiba que seja uma completa mentira. Mas quando ouvir aquela frase - que tudo vai ficar bem - vai se tranquilizar, vai tentar domesticar um pouco do seu pĆ¢nico. Porque, no fundo, nĆ£o se trata exatamente da frase, mas da pessoa que estĆ” lhe assegurando aquilo. VocĆŖ sabe que nĆ£o quer perdĆŖ-la, fica se perguntando o que farĆ” sem aquela pessoa se algo acontecer a ela. VocĆŖ nĆ£o sabe o que pode ocorrer no próximo minuto - talvez tudo acabe, talvez vocĆŖs saiam daquela sala e se abracem, ou talvez vocĆŖ nunca mais a verĆ”. Ɖ isso que machuca, Ć© isso que a impede de se mover, de arredar o pĆ© de onde estĆ” - vocĆŖ nunca se sentiu daquele modo, nĆ£o sabe como processar as informaƧƵes. 


E, então, bam. Tudo pode acabar. E se acabar... O que você disse? O que você fez? Quem você amou?



Ɖ disso que realmente se trata. NĆ£o do futuro, mas do que aconteceu


E, sim, vai acontecer. E, nĆ£o, vocĆŖ nĆ£o vai saber o que fazer. Mas, esteja onde estiver, nĆ£o deixe de dizer ou de fazer algo, porque pode ser a Ćŗltima vez. E a Ćŗltima vez Ć© simplesmente mais especial do que a primeira. Acredite. 

Pense, mas sinta. Sinta tudo. Diga. Repita quantas vezes for necessĆ”rio. 

Porque o amanhĆ£ pode nĆ£o existir. 




Um superbeijo e um abraço a todas vocês!
Love, Nina. 

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Se nĆ£o sabem a que me refiro, vejam - mesmo que nĆ£o sejam fĆ£s ou odeiem as mĆŗsicas ou atores ou qualquer coisa - o episódio Shooting Star de Glee (04X18). E depois releiam o meu post, se possĆ­vel. 

6 comentƔrios:

  1. Oi, Nina! Me emocionei MUITO com seu texto. Engraçado que hÔ pouco, no banho, estava fazendo umas reflexões parecidas. Agora, conforme ia lendo seu post, só conseguia me lembrar de uma pessoa e de um momento específico. E aí me deparei com o parÔgrafo em que você fala da sua experiência e, por coincidência, é a mesma que a minha (a única diferença é o tempo, 7 meses no meu caso).

    Acompanho Glee, mas ainda não vi o 4x18... Melhor me preparar, né?!

    Beijos, Entre Aspas

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  2. Oi Oi Nina,

    Eu simplesmente amei seu texto. Acredite, eu refleti varias vezes sobre essa questão e nunca soube responder. Por simples motivos, eu tenho tanta gente que quero passar com últimos minutos, tanta musicas que queria ouvir pela ultimas vezes, tantos sorrisos que quero ver. Vozes, palavras e leituras.

    São questões que muitos não pensam ou simplesmente evitam pensar, por acreditarem serem imortais. Para viramos mortal, precisaríamos, de alguma forma, uma perda de um valor que não tem volta.

    Eu ainda não perdi ninguém que posso dizer ser humano.Na verdade, eu jÔ perdi, a minha bisavó, mas eu não tenho tanta lembrança dela alem dos videos caseiros que eu de vez em quando vejo. A perda maior foi dele.

    Ele era uma animal, mas era minha família, ele sempre esteve ao meu lado desde meu nascimento, porém ele se fora hÔ 8 anos aproximadamente. E até hoje eu sinto saudade cortante do mesmo, eu lembro de cada carinho, pelugem, latido, lembro de como ele andava pela casa com a perda de visão e ainda sentir feliz quando eu chegava da escola.

    Foi minha pior perda, perder alguém que sempre fora seu companheiro era grande, lembro de ter ficado muito ruim por dias e dias depois da morte dele. Afinal, vê-lo morrer aos seus braços não é confortÔvel, mas hoje eu estou bem, apesar da saudade apertar sempre, eu aprendi estar confortÔvel com as lembranças.

    E claro, não esperava reviver todo sentimento de perda ao ler seu texto, não precisei ver o episodio porque sabia EXATAMENTE o que você estava querendo expor. Perder alguém sem saber que é ultima vez que vai vê-lo sorrir, ou ouvir palavras confortÔvel para acalmar é péssimo, até porque não podemos fazer NADA em relação a isso, a não ser, aceitar de fato que teremos que aprender a seguir o nosso destino sem o mesmo.

    Enfim, parabéns pelo texto,Nina. Continua assim e não pare de escrever nunca, nunca e nunca.

    bjos da sua Diih.
    http://livroeneblina.blogspot.com.br/

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  3. Oi, como estĆ”?
    Amei o seu texto!
    Realmente, a gente se aborrece por coisas tão bobas na vida, e na verdade precisamos aproveitar cada segundo dela da melhor maneira, com as pessoas que a gente ama, sendo quem a gente quer ser!
    ParabƩns!
    Tem post novo no blog,
    passa lĆ” e confere!

    endless-poem.blogspot.com.br

    Beijão

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  4. Florzinha

    preciso te agradecer mais por todo carinho cmg, com meus textos e o meu blog?

    nossa vc eh tao fofa q eu nem sei como te agradecer.

    vi seu comentario sobre o bullying lah e fiquei tristinha..acho q todo mundo jah se sentiu assim alguma vez..eu tbm jah varias vezes...mas fiz aquele texto a pedido de uma garota e ela flando me cortou o coração! muito obrigadaa por todo carinho adorei seu texto e concordo com td q disse, vc pode flar o qnto quiser no meu blog, mt mt obrigada, e parabens vc escreve mt bem

    beijo enorme e te espero sempre lah

    http://cantinhodanina19.blogspot.com.br/

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  5. Omg Nina, eu realmente me emocionei com esse texto!
    O incrível é que a gente não pensa no dia de amanhã como podendo ser o último, não pensamos que cada momento pode ser o único! Apesar de sabermos que nada e ninguém é eterno, temos a mania de deixar tudo para depois, de não dizer o que sentimos as pessoas que merecem ouvir, sempre depender do amanhã, mas como você disse, o amanhã pode não existir!
    Muito lindo mesmo esse texto, conseguiu emocionar e fazer pensar! ^^
    Beijocas minha linda, queria agradecer tambƩm a suas visitas, sabia que elas me deixam muito feliz!? *o*
    Beijocas :*

    http://meuuniversox.blogspot.com

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  6. Meu Deus...eu chorei tanto com sua postagem...não consigo escrever nada além disso...
    Bjs

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Editado por Alice GonƧalves . Tecnologia do Blogger.