#Resenha: Mosaicos
Conheci a Michelle, autora deste livro, por intermédio de um colega da faculdade. Esse meu colega tinha postado no Facebook uma foto de um poema muito fofo, que imediatamente chamou a minha atenção pela simplicidade. Movida pela curiosidade, perguntei a ele se a Michelle não gostaria de fazer uma parceria comigo e, para a minha total alegria, ela aceitou.
Autora: Michelle C. Buss
Editora: Patuá
Ano: 2014
Páginas: 138
★★★★★ + ❤
Nunca fui do tipo de a-m-a-r poesias/poemas. A maioria que li ao longo da minha vida sempre me fez ficar muito confusa, porque o gênero é muito subjetivo e eu nunca soube muito bem como interpretar aquilo que lia. No entanto, Mosaicos foi, certamente, o primeiro livro de poesia que me fez admirar e adorar esse trabalho. Como dito anteriormente, o que mais me atraiu no primeiro poema que li da Michelle, foi a simplicidade. A maneira de construir suas frases de maneira que faz parecer que o poema está suspenso a sua frente, saindo do papel, intrincado de suavidade mas, ao mesmo tempo, de algo próximo à imutabilidade é uma das marcas da autora. Muitos poemas são bastante diminutos, alguns contendo apenas três ou quatro versos, o que, pelo menos para mim, dá a sensação de estar lendo um haicai (gênero poético de origem japonesa, marcado pela forma breve e pela objetividade). Mosaicos é marcado pelas poucas palavras, mas que dizem tudo. É quase como ler nas entrelinhas. Eu simplesmente adoro ler nas entrelinhas e lidar com o que está implícito, e essa obra "brincou" muito bem com isso. Alguns poemas, a princípio, podem dar a impressão de que não significam muito, mas, ao refletir sobre ele após a leitura, revela sua finalidade: dizer muito (às vezes, tudo) sem utilizar artifícios sinuosos com as palavras.
Acompanhando a autora pelo Facebook, comecei a notar que há muita espiritualidade (não confundir com religião!) em sua vida. Ela é, com certeza, cercada de crenças sobre a energia da natureza e sobre a energia de nosso próprio interior e isso reflete muito em seu trabalho. A espiritualidade combinada com a sensibilidade torna sua escrita ondulada, como se você estivesse acompanhando ondas do mar. Sabe quando a gente fica boiando, sentindo a correnteza fraca fazer seu trabalho na gente? Senti-me assim ao ler Mosaicos, do começo ao fim. Pude sentir toda a energia das palavras da Michelle de forma muito direta e, muitas vezes, parei para refletir o impacto disso na minha vida. Ao contrário de muitos autores do gênero que têm a falsa ideia de que poesia se é construída de forma dolorosa e até mesmo um pouco taciturna, a obra de Michelle é exatamente o oposto. A cada verso lido, eu me sentia mais relaxada, mais de bem comigo mesma. Era como se, a cada verso, ela estivesse levando embora tudo de negativo guardado dentro de mim. Ao final, tudo o que conseguia sentir era um relaxamento incrível e suave. Consegui ser tocada na alma com todos os poemas. E, pela primeira vez na vida, comecei a notar o quanto poesia pode ser agradável e fácil de se interpretar. A espiritualidade contida em Mosaicos, de forma alguma, interfere na compreensão. Aliás, ela apenas faz vir à tona os sentimentos sinceros que estão implícitos em cada verso.
Certamente, vou carregar esse livro para sempre na minha vida. Sei que, quando precisar de uma motivação para continuar, posso espiar um dos meus poemas preferidos e encontrar a energia e a coragem necessária. Os poemas que mais me marcaram são esses:
O primeiro poema é, com certeza, o meu preferido. Talvez, pelo fato de eu me identificar demais com o silêncio, por ser uma pessoa bastante solitária (e gostar muito disso), qualquer texto que fale sobre esse tema me toca a alma. E a frase "O amor é um fluxo que não para", para alguns pode parecer apenas uma frase qualquer, mas ela bateu fundo em mim. É o verso que mais me marcou do livro inteiro.
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>>> Como dito na resenha de Amor
em jogo, decidi presentear os leitores com breves entrevistas com os
autores parceiros, pois é uma oportunidade de conhecê-los por trás de suas
obras. Espero que vocês leiam e gostem da entrevista que fiz com a
Michelle!
1) Quando a poesia
entrou na sua vida e qual o significado dela para você?
Desde sempre a poesia esteve presente em minha vida. Lembro de
minha mãe recitando poemas do Casemiro de Abreu para mim quando eu era bem
pequena. Quando eu tinha dez anos escrevi um livrinho que continha pequenas
narrativas e poemas, desde então, não parei mais.
Eu escrevo para ser. A poesia, ou mesmo a escrita, tem uma
conexão profunda com a vida. Não me vejo parando de escrever. Escrevo porque
está intrínseco a mim. E a ideia de publicar um livro nasceu do desejo de
compartilhar.
2) Por que optou por
fazer a divisão das poesias em três partes? O que cada parte representa para
você?
Então, esse livro não era para ser um livro (risos). Depois de
conversar muito com minha terapeuta, descobri que maior parte do meu processo
criativo se dava andando na rua, só que quando eu chegava em casa para colocar
no papel eu já havia perdido a inspiração, esquecido tudo. Eu me sentia muito
frustrada com isso. Aí, minha terapeuta sugeriu que eu comprasse cadernetas e
escrevesse na rua mesmo e foi o que fiz. Comprei uma caderneta vermelha e
comecei a escrever os poemas. Entretanto, me vinham ideias que eu julgava meio
loucas e acreditava que aquilo não poderia ser poesia, mas mesmo assim eu
queria anotá-las. Comprei uma caderneta de capa azul celeste e comecei a
escrever tudo que acreditava que não eram poemas (risos), mas observações,
sensações, notas. Com o tempo, pus o nome de “Zuihitsu”, que é um gênero da
literatura japonesa. A escritora Sei Shônagon é a grande referência no uso
desse gênero que consiste em ensaios fugazes, pensamentos, fragmentos de
textos, notas poéticas. Quando completei essa caderneta, comecei a escrever em
outra, só que agora a capa tinha tonalidade roxa. Pus o nome de “O livro de
Shi” porque em japonês, o ideograma de roxo pode ser lido como Shi. Quando a
finalizei, peguei então uma última caderneta, de capa rosa. Dei o nome de
“Canções de Fogo”, simbolizando o despertar: primeiro se é uma pequena semente,
depois se vive a transformação da semente em broto e no fim, acorda-se uma
flor.
Essas cadernetas foram escritas ao longo de um ano, de janeiro
a dezembro... Bem, como eu disse, eu não tinha intenções de que isso virasse
livro, até brincava que se um dia eu viesse a ser uma escritora, essas
cadernetas talvez fossem publicadas muito tempo depois. Não foi o que
aconteceu! Um dia, me veio uma inquietação: “por que não publicar?”. Dessa
inquietação nasceu Mosaicos. Mosaicos, em que cada parte é um fragmento de um
grande todo. Entrei em contato com a Editora Patuá e tive a felicidade de ser
recebida por eles. Em junho de 2014, a Editora Patuá
publicava Mosaicos. O que eu acreditava não ser um livro de poemas, na verdade,
sempre foi um livro de poemas.
3) Como foi o processo
de seleção das poesias a serem escolhidas para o livro?
Todas as poesias presentes nas cadernetas não integraram o
manuscrito que enviei para Editora Patuá. Com ajuda de algumas pessoas e por
gosto pessoal mesmo, preferi deixar alguns poemas de fora. Como o manuscrito
ficou muito grande, meu editor pediu que cortássemos alguns poemas. Confiei
esse trabalho a ele. Eduardo Lacerda (meu editor) cuidou do livro com dedicação
e talento, os poucos cortes que foram feitos mantiveram a ordem do original: o
que pertencia a primeira parte, ficou na primeira parte e assim por diante.
4) A espiritualidade
está muito presente nos versos e mesmo nos títulos das divisões do livro. Como
isso é benéfico para você na hora de criar suas poesias?
Pessoalmente, não relaciono espiritualidade com religião...
Para mim a espiritualidade está ligada à jornada interior, ao nosso caminho de
descoberta como ser. Costumo dizer que se tenho alguma religião, ela é o
próprio Universo. O sol, a lua, o mar, a terra, as árvores... Você pode ver que
tudo isso está presente em Mosaicos.
Na hora de criar, não costumo racionalizar o que é benéfico ou
não, eu simplesmente crio. Claro que tudo que vivo, que leio, tudo que entorna
minha vida acaba por influenciar na minha escrita. Aquilo que escrevemos não
deixa de ser nós mesmos, afinal, é algo que vem do nosso universo particular.
SOBRE A AUTORA:
MICHELLE C. BUSS nasceu
em Jaguari, Rio Grande do Sul e mora em Porto Alegre desde 2007. É graduada em
Comunicação Social pela PUCRS e atualmente cursa Bacharelado em Letras pela
UFRGS. Desde muito cedo imergiu no universo das artes, dividindo seu coração
entre a música e as palavras. Começou a escrever poemas ainda quando criança e
considera a literatura e a música como fragmentos do seu próprio ser.
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Love,
Nina ❤
Nina, ler algo escrito por você sempre me traz uma grande paz de espírito, até mesmo quando você fala de poemas. Me identifico completamente com esse trecho "Nunca fui do tipo de a-m-a-r poesias/poemas. A maioria que li ao longo da minha vida sempre me fez ficar muito confusa, porque o gênero é muito subjetivo e eu nunca soube muito bem como interpretar aquilo que lia."
ResponderExcluirAssim como você, acabei simpatizando com os poemas da Michelle e, provavelmente, o fato de ela ser gaúcha só ajudou, pois eu adoro admirar o trabalho dos meus conterrâneos. A "filosofia" de vida da autora também é muito interessante e admito que gostaria de ser mais como ela, com esse contato com a natureza e o Universo.
Leitores Forever
Não sou nem nunca fui fã de poesia. Mas adorei a forma como fala sobre esse livro! É realmente bonito de ver o que a escrita desencanta numa pessoa.
ResponderExcluirhttp://theliterarybusiness.blogspot.pt/
Que interessante Nina, eu sou fã de poesia, a família é recheada de poetas então não cai longe da árvore, sou de escrever pouco sobre também. Adorei saber mais sobre a autora, desejo sucesso pra ela.
ResponderExcluirhttp://k-secretmagic.blogspot.com.br
Xoxo
Uma autora gaucha, isso sim é interessante. Faz tempo que não leio poesia mas estou até disposta a dar uma chance!
ResponderExcluirhttps://primaverei.wordpress.com/
Gostei dos poemas. Ademais, ler textos seus são sempre um prazer. Parabéns pra ti e para a autora e poetisa.
ResponderExcluirNão só gostei da resenha do livro, mas também me identifiquei com as poesias e a autora, Michelle, pois também escrevo poesias inspiradas por momentos aleatórios na rua, no trabalho, faculdade e etc. Nos últimos meses tenho criado muita afeição por poesias, leio mais livros do gênero até e espero um dia ter a oportunidade de ler esse.
ResponderExcluir"O amor é um fluxo que não para"
http://essameninamoca.blogspot.com.br/
Eu sou muito como você e todos os livros de poemas e poesias que li até hoje foram para a escola, muitos anos atrás. Nunca entendi muito bem o que os autores queriam dizer com aquele tanto de metáforas e coisas não ditas, então sempre deixei o gênero para lá.
ResponderExcluirMuito me surpreende dizer que esse é o segundo livro de poesia que me chama a atenção em uma semana! O primeiro foi Pó de Lua!
Gostei muito da sua resenha e a entrevista ficou super legal, pois saiu das "perguntas lugar-comum". Parabéns!! :*
Adorei! Não sou fã de livros de poesias/poemas, mas esse até que me interessou. E quem sabe depois de ler eu até tome gosto por este tipo de leitura, como aconteceu com você :) Muito legal a entrevista no final do post também, nos permite conhecer um pouco melhor a autora. Gostei bastante da resenha e parabéns pela parceria :D
ResponderExcluirBeijosss
http://bookspoison.blogspot.com.br/
Que lindo ''o verdadeiro silêncio não está nos lábios mas sim no coração'', até copiei. Amo poesias <3.
ResponderExcluirhttp://vihpaula.blogspot.com/
Querida Nina, fiquei muito emocionada com a resenha que você fez de Mosaicos. Gratidão pela sua sensibilidade e talento com as palavras, pela forma com que interagiu com o livro. Saber que o livro fez você ter uma visão diferente de poesia, querendo conhecer mais trabalhos desse gênero, é o maior retorno que um autor pode receber. Obrigada mais uma vez e muito sucesso!
ResponderExcluirNão sou muito chegada a poesia, mas gostei desse livro. E é ótimo ler uma entrevista de um autor; você pode conhecer um pouco mais da obra, seus pensamentos e inspirações... Muito boas essas poesias, inclusive, estou copiando e colando pra postar no face depois rsrs
ResponderExcluirEu adorei a ideia do livro e as poesias parecem maravilhosos!
ResponderExcluirAmei a resenha!
Beijos
http://cheireiumlivro.blogspot.com.br/
Olha Nina, tenho mais ou menos a mesma opinião que você, antes de ler esse livro.
ResponderExcluirEu até gosto, mas na maioria das vezes, termino mais confusa do que tocada.
Quem sabe esse livro realmente seja um divisor de aguas? Realmente gostei pela sua resenha. Parece ser muito especial.
E adorei que autora anda com cadernetas para guardas suas inspirações. Eu anoto tudo no celular mesmo rs
Beijos,
www.miragemreal.com
Oi, Nina!
ResponderExcluirTambém não sou muito fã de poesia, mas adorei esse livro só pelas fotos que você postou. Além disso, a autora é tão gentil e simpática que dá vontade de ler qualquer coisa que ela publicar. Já estou curtindo a page dela <3
Com carinho,
Celly.
Me Livrando
Oi, Nina!
ResponderExcluirAmo Poesia justamente por trazerem tantas possibilidades, aliás, amo a Literatura exatamente por isso, por fazer com que cada leitor veja da sua forma uma leitura, uma obra.
Quanto a poemas não sei se conseguiria ler o livro assim de uma vez, prefiro ler poemas individuais e ficar relaxando e pensando neles, cada um a seu tempo, a sua hora.
Parabéns pela resenha!
Beijos,
http://legereoculis.blogspot.com/
Oi Nina !! Confesso que poesia não é meu gênero favorito , mas adoro variar e esse livro parece ser uma ótima pedida quando eu resolver aprecia-lo. Bela resenha e ótimas questões abordadas na entrevista , parabéns pelo post :)
ResponderExcluirWww.dezenove primaveras.com.br
Olá Nina, também não sou uma que ama demais poesia ou poemas, mas é maravilhoso ser cativada por poemas. E este "livro", parece ser maravilhoso. Os poemas, pelo menos tirados fotos por você é realmente marcante e amei todos. Com certeza a autora escreveu cheia de luz e amor. Parabéns pela resenha e pela autora.
ResponderExcluirBeijos, sucesso.
Olha, eu gosto de ler poemas... Só que, assim, eu não curto pegar um livro, sentar e ler. Eu gosto de pegar um livro de poemas e abrir em uma página qualquer e, por conta disso, eu acabo nem notando que já li um livro completo.
ResponderExcluirNina, pensava que somente eu fosse solitária E GOSTASSE DESSA MINHA SOLIDÃO. É legal saber que não sou o E.T. que dizem rsrsrsrs.
Gente, amei a história desse livro que não era para ser livro. Preciso comprar as minhas cardenetas também rsrsrsrs (é sério).
Nina, como sempre, amei a resenha e a entrevista.
Beijos,
Karina do blog Eu e Minha Cultura.