#Resenha de livro: Você é só pra mim

Como disse aqui nesse TOP 5, o blog Marcado com Letras, da Lorena Miyuki, se tornou um dos meus cantinhos preferidos na blogsfera. E, depois de saber que ela tem alguns livros já publicados (confira aqui), procurei fazer uma parceria. Entrei em contato com a Editora Metanoia, que me cedeu um exemplar de Você é só pra mim, já que a Lorena não tem exemplares com ela. 

Título: Você é só pra mim
Autora: Lorena Miyuki
Editora: Metanoia
Ano: 2015
Páginas: 217

Comecei a ler Você é só pra mim logo depois de ter terminado Fake e creio que isso atrapalhou um pouco o meu processo de leitura. Como eu já estava familiarizada com a narrativa sarcástica de Felipe Barenco, foi com algum estranhamento que mergulhei na narrativa séria da Lorena. Óbvio, não que isso seja um ponto negativo, mas tive um pouco de dificuldade para me acostumar à narrativa de Hígor, o personagem narrador. 

A história se inicia com a morte da avó materna de Hígor, numa cidade do interior. Ele tem 12 anos e, logo no primeiro capítulo, conhece Rone na pracinha em frente ao hospital. No dia seguinte, acontece o velório e os garotos se reencontram. E, daí, sem mais nem menos, acontece um beijo. Isso me fez estranhar muito, devido a algumas coisas: 1) a pouca idade dos dois, 2) a época em que o livro se passa (década de 90), 3) eles estarem numa cidade pequena e 4) apesar da inocência, especialmente de Hígor, parecia que ambos sabiam o que faziam. Esse beijo, para mim, foi completamente anti-natural. Achei forçado e muito incômodo. Na verdade, todo o começo do livro me deixou com a sensação de que não estava conseguindo me adentrar na história, nem gostar dos personagens. 

Depois da morte da avó, a família de Hígor se muda para a cidade interiorana. E, para o meu alívio, a relação dele com Rone desacelera um pouco e eles se tornam "amigos" - sim, entre aspas, porque fica muito claro que ambos querem avançar nessa amizade. Hígor é mais ingênuo, enquanto Rone, apesar de ser dali, é mais "esperto". Eles são um contraponto, mas que, de certo modo, se equilibram. Suas personalidades são diferentes, suas histórias são diferentes e seus planos são diferentes. Tudo isso é o ponto de partida para que o leitor comece a se perguntar se o que os personagens nutrem um pelo outro pode mesmo, digamos, ser "para sempre". 
“Afinal, vendo a situação dele, tudo parecia errado para mim.
Absolutamente tudo.
Menos nós dois”.
p. 20 
A narrativa é bastante familiar também, foca bastante nas inter-relações. Somos apresentados aos pais de Rone: Zé Maria é um pai bêbado que mal consegue colocar comida dentro de casa, enquanto Dona Rosinha é uma senhora bastante calejada pela vida e calada. Zé Maria se torna, em alguns momentos, um empecilho na vida amorosa dos protagonistas - e também uma peça essencial na trama, já que a temática pede alguém que se oponha ferrenhamente nessa libertação e aceitação sexual. Há, também, os pais de Hígor. Acho que nenhum deles tem nome, mas o garoto conta bastante da situação emocional da mãe, que, após a perda de sua progenitora, entra num ciclo de depressão, sempre à base de pílulas. O pai é bem menos mencionado, mas ganha certo espaço especialmente no final, pois começa a pressionar o filho a fazer faculdade fora. 

Se, no início, eu estranhei bastante os protagonistas na sua fase pré-adolescente, eu adorei a fase adolescente. Lorena conseguiu passar muito bem essa época conturbada, confusa e cheia de decisões pela frente. Dá para acompanhar perfeitamente o amadurecimento de ambos os personagens. Cada defeito sendo trabalhado, cada ponto positivo sendo exposto, cada problemática aparecendo. E, a cada página avançada, a minha compaixão pelo amor deles crescia. Você é só pra mim ganha pontos extras por conseguir narrar com muita verossimilhança a temática proposta e o crescimento pessoal de cada personagem dentro do relacionamento construído. O leitor se pega torcendo, especialmente no final, para que tudo se ajeite e que o amor possa vencer qualquer barreira. 
“Queria que tivéssemos pelo menos uma testemunha para comprovar o quanto a gente se gostava, para mostrar que nos respeitávamos e nos completávamos. Uma voz amiga para me lembrar depois, para corroborar tudo o que eu simplesmente imaginava na minha cabeça: que éramos suficientes um para o outro”.
p. 147 
A homossexualidade é trabalhada de forma muito convincente e verdadeira. Há passagens duras de serem lidas, justamente porque ferem os sentimentos de quem acredita que amor é amor, independentemente de quem for. Mas há outras que acalentam a alma e que renovam a esperança de que, mesmo dentro da ficção, o preconceito possa ser quebrado, ou mesmo amenizado. Este livro foi uma grande e feliz surpresa para mim. Impossível não adorá-lo, mesmo com o aperto no coração por causa do final </3 Como escrito na abertura do livro, com certeza, a palavra que resume a história, ao ser terminada, é nostalgia

A arte da capa está maravilhosa (foi a Lorena quem fez, aliás), a diagramação está muito boa e a revisão também (mil pontos extras). As letras são grandes e confortáveis, e as páginas são amarelas (ou seja, não cansa a leitura). Você é só pra mim é uma ótima opção para quem gosta de torcer pelo amor, seja ele por quem for. 

#Para comprar: site da editora | livraria cultura
#Skoob: aqui.

Love, Nina :)

11 comentários:

  1. Obrigada pelo carinho, Nina! ♥
    Fiquei feliz que tenha gostado!
    Lembro que ele está à venda também na Livraria Cultura, aqui: http://www.livrariacultura.com.br/p/voce-e-so-pra-mim-46024558

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  2. Olá Nina.
    Ótima resenha flor.
    Acho que você conseguiu me conquistar com as palavras que usou para descrever o livro, apesar do estranhamento inicial como você mesmo afirmou acho que deve ser uma leitura cativante. =)
    Vou colocar na minha lista de desejados.

    Beijos
    http://aventurandosenoslivros.blogspot.com.br/

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  3. Eu já vi a Lorena divulgando a obra e desde então, fiquei profundamente curiosa. Me parece ser uma leitura bastante juvenil e nos últimos tempos, tenho corrido delas, mas o enredo realmente chama deveras minha atenção, espero logo ter oportunidade de lê-lo e resenha :D

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  4. Pela sua resenha,o livro traz ótimas discussões sobre relacionamentos familiares. Interessante você achar que um beijo da pré-adolescente na década de 90 não é muito convincente. Mas acredite, desde que o mundo é mundo as relações acontecem cedo, tarde. Se a gente pensar que toda essas discussões sobre os direitos e proteção da criança é algo bem recente.
    Acho lindo livros que nos fazem sonhar com um mundo onde as pessoas são mais livres de preconceitos. Estamos precisando de um mundo assim.

    Beijos!

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  5. Ola Nina gostei dos pontos positivos sobre sua resenha, vou concordar com você sobre o beijo ser precoce e mesmo dentro do enredo com personagens novos, o fato de destacar os conflitos sem deixar a leitura pesada já me convida a leitura. Dica mais que anotada. beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  6. Oie Nina tudo bem, sua resenha está perfeita, destacando pontos que com certeza tbm estranharia na narrativa, realmente muito precoce a abordagem dos beijo dos protagonistas com apenas 12 anos, confesso que é meio difícil ainda aceitar que desde tão cedo eles tenham discernimento da opção sexual. Mas o livro tem um bom desenvolvimento e gostei do conteúdo, vou anotar o titulo para ler. Bjkas
    Dani Casquet- Livros, a Janela da Imaginação

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    1. Dani, quando falei do beijo não foi por causa da "opção" sexual deles. Não há opção, ambos apenas se descobrem homoafetivos. Sobre o beijo, estava realmente apenas me referindo à idade, por ser algo que, na minha opinião, é precoce ;)
      Beijos.

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  7. Oláá
    Já ouvi falar no livro e amei essa capa, sua resenha está ótima e com certeza fiquei curiosa para ler haha adoro romances e também já Li Fake

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  8. Oie!
    Parece um livro realmente adorável, que pode provocar todo o tipo de emoção no leitor, e a capa me chamou bastante a atenção. Não é o tipo de leitura que eu faria no momento, mas, para quem gosta, deve ser uma experiência ótima.

    Beijos,
    Fernanda F. Goulart,
    Império Imaginário.

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  9. Oie, Nina.
    Adorei sua resenha. Foi tão delicada quanto o livro parece ser ━ embora, aparentemente, nem sempre o seja. Mas choques de realidade são necessários, especialmente quando um tema tão polêmico é abordado. Aguardo pelo dia em que um livro envolvendo homoafetividade não passará de um livro comum, sem que seja necessário qualquer rebuliço ao seu redor. E, enfim, quero dizer que você me convenceu a lê-lo. Mais uma vez, meus parabéns.
    ✎ Com carinho,
    Celly Nascimento.

    Me Livrando ━ Livre-se você também!

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  10. Oie, tudo bom?
    Nunca li nenhum livro com a temática, mas tenho muito interesse. A princípio me apaixonei pela capa, mas a premissa parece ser ótima, apesar dos deslizes no início da trama. Eu também ficaria com o pé atrás por causa desse início.
    Beijos,
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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Editado por Alice Gonçalves . Tecnologia do Blogger.