#Resenha de livro: A luz de um isqueiro
Recebi A luz de um isqueiro por causa da parceria que fechei com a autora Roberta Grassi. Eu o li há algum tempo (uns três meses), mas não tinha encontrado tempo de escrever a resenha, pois estava tentando desenterrar as que já estavam atrasadas.
Título: A luz de um isqueiro
Autora: Roberta Grassi
Editora: Deuses
Páginas: 314
Ano: 2014
★★★★★ + ❤
Fiquei intrigada, de imediato, quando li a sinopse desse livro pela primeira vez. A premissa é bastante curiosa e isso me fez querer ler. A história é narrada em primeira pessoa por Bernardo, um garoto um tanto perdido na vida, que tenta agradar os pais, mas que não é muito feliz. Os pais o pressionam a arrumar um emprego, já que está desempregado, mas Bernardo não demonstra interesse em quase nada. Tudo começa a mudar quando seu avô, um senhor de poucas palavras e afeto, adoece. A tarefa de Bernardo é fazer companhia ao avô, então, começa a passar bastante tempo na casa dele. Certo dia, o senhor lhe dá uma tarefa esquisita: visite um amigo.
A partir disso, a vida comum do personagem tem uma grande reviravolta, porque é como se ele tivesse entrado em uma "caça ao tesouro" (ou em uma "caça à resposta correta", para ser mais objetiva). Esse amigo do avô o leva a muitas outras pessoas e cidades. Bernardo se vê à procura de um milagre, uma cura divina que não sabe para que serve, ou como ela pode alterar a vida do avô (ou de si mesmo). Em uma das cidades, ele conhece uma garota aparentemente mimada e "patricinha": Eleonor. Ela não é nada doce, ou fofa. Depois de algumas conversas, os dois embarcam em uma aventura louca. Eleonor precisa ir embora da cidade e Bernardo ainda precisa de respostas (e, pelo que tudo indica, ela sabe de alguma coisa). A relação deles é construída à base de muita música, alguns palavrões e perguntas que quase nunca são inteiramente respondidas. O que mais gostei neles é que Eleonor não é nem um pouco estereotipada. Ela é autêntica e incrivelmente real. Identifiquei-me muito com Bernardo em diversas passagens, pois ele gosta bastante de pensar e a situação de nunca saber exatamente o que fazer, ou como agir é muito a minha cara. Ambos são incrivelmente bem construídos e sólidos. Têm seus erros e acertos, suas qualidades e seus defeitos. A autora conseguiu dar vida a duas pessoas que poderiam estar por aí, no mundo real. Ela escreveu Bernardo e Eleonor de maneira tão convincente que fiquei muito ligada a eles. São personagens muito maduros e seguros de si (embora Bernardo possa não parece à primeira vista).
“Você nunca vai realmente decidir se foi destino ou acaso. Você gosta do conceito de destino, da ideia de que tudo já estava traçado – provavelmente porque isso tira um peso de decisão das suas costas, porque assim você é só uma vítima das circunstâncias. Mas o acaso também lhe agrada, o pensamento de que o improvável aconteceu, a aleatoriedade trabalhando para dar sentido a tudo”.p. 12
“Eu estava morrendo e o momento da morte parecia eterno”.
p. 162
A narrativa é completamente apaixonante, porque o leitor se vê cada vez mais embrenhado em mistérios que parecem sem resolução, ou que carecem de muitas respostas concretas e verdadeiras. Isso produziu em mim um efeito meio doido, pois eu não conseguia me desgrudar do livro. Varei algumas noites em claro, simplesmente porque estava entretida demais com tudo aquilo. O mais especial dessa história, sem dúvida, é que a autora não entrega nada de graça. Todo o mistério tem fundamento: o livro não faz o papel de revelar tudo, pois precisa da mente do leitor para que sua conclusão aconteça. Tanto é que os personagens e os lugares são muito pouco descritos, o que permite que nós, leitores, usemos a imaginação para dar vida a tudo que está no papel.
Com certeza, é uma baita história. Ficou por dias na minha cabeça, pois me marcou demais. As conclusões que, aos poucos, nos são reveladas nos fazem pensar bastante em coisas menos "concretas", ou "materialistas". Todos nós estamos atrás de respostas e o livro nos mostra que para cada uma delas há um porquê e uma consequência.
“Ela tinha me apresentado à eternidade em camadas: tédio, dor, raiva, arrependimento”.
p. 199
“Quando você percebe que a sua vida é uma ode às causas perdidas e que só a miséria traz as pessoas para perto de você, isso confunde a noção do que você deve ou não fazer e do preço das coisas”.p. 226
Quem gosta de mistérios, super recomendo.
Tenho certeza de que vai igualmente adorar! :)
#Curta a página do livro no Facebook para ler outros quotes maravilhosos ♥
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*BÔNUS: entrevista com a autora
1) Qual foi a definição que quis encontrar no Bernardo? Acha que conseguiu fazer com que os leitores a entendessem?
O Bernardo é um cara comum que pega emprestada a jornada do avô só para poder permanecer em sua zona de conforto e evitar a grande questão “o que eu quero fazer da minha vida?” e no meio do caminho descobre quão letal é deixar os outros escolherem o seu caminho, que se diluir nas expectativas dos outros te transforma em um eco fraco do que te mandaram dizer. Não tenho certeza se os leitores o percebem assim, mas a desorientação dele serviu bem pra conduzir a história.
2) Por que você acha que as pessoas buscam por milagres? Acha que o jogo entre mortal vs. imortal é importante para que esses milagres aconteçam, ou não aconteçam?
O termo “milagre” gerou certa confusão, algumas pessoas chegaram a achar que o livro era religioso (o que definitivamente não é o caso, principalmente se levarmos em consideração a quantidade de álcool presente na história), mas acabou que não tinha outra palavra que se encaixava tão bem como essa.
Eu acho que a maioria das pessoas busca milagres por desespero e nos lugares errados. As pessoas acreditam que um milagre é uma transformação gigantesca e instantânea, mas é como naquela frase do Einstein que diz que todas as coisas são milagres: encontrar alguém por quem você se interessa neste mundo abarrotado de chatos de galocha é um milagre, uma boa conversa é um milagre, se maravilhar por qualquer coisa é um milagre, se permitir se perder é um milagre, se encontrar é um milagre maior ainda, se manter fiel a você mesmo enquanto somos bombardeados por zilhões de estímulos contraditórios deve ser o maior milagre de todos. E justamente porque somo mortais, esses “pequenos milagres” deveriam ser valorizados, porque é nisso que a nossa existência é “fixada”, é nisso que a gente “vence” a morte.
Mas o parágrafo final do livro responde melhor estas perguntas que este textão hippie hahaha.
3) Qual é a sensação que te dá por ter finalizado essa história? O que espera com ela?
A sensação é muito boa e ao mesmo tempo meio estranha, é sempre complicado se expor. Eu comecei a escrever esta história pra matar o tédio e acabei gostando do resultado, então acho que esta é minha expectativa: que o livro divirta quem lê, que as pessoas se percam com o Bernardo, se embriaguem com a Eleonor e aproveitem a viagem.
P.S.: Roberta, obrigada pelo seu textão hippie! :)
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*BÔNUS: entrevista com a autora
1) Qual foi a definição que quis encontrar no Bernardo? Acha que conseguiu fazer com que os leitores a entendessem?
O Bernardo é um cara comum que pega emprestada a jornada do avô só para poder permanecer em sua zona de conforto e evitar a grande questão “o que eu quero fazer da minha vida?” e no meio do caminho descobre quão letal é deixar os outros escolherem o seu caminho, que se diluir nas expectativas dos outros te transforma em um eco fraco do que te mandaram dizer. Não tenho certeza se os leitores o percebem assim, mas a desorientação dele serviu bem pra conduzir a história.
2) Por que você acha que as pessoas buscam por milagres? Acha que o jogo entre mortal vs. imortal é importante para que esses milagres aconteçam, ou não aconteçam?
O termo “milagre” gerou certa confusão, algumas pessoas chegaram a achar que o livro era religioso (o que definitivamente não é o caso, principalmente se levarmos em consideração a quantidade de álcool presente na história), mas acabou que não tinha outra palavra que se encaixava tão bem como essa.
Eu acho que a maioria das pessoas busca milagres por desespero e nos lugares errados. As pessoas acreditam que um milagre é uma transformação gigantesca e instantânea, mas é como naquela frase do Einstein que diz que todas as coisas são milagres: encontrar alguém por quem você se interessa neste mundo abarrotado de chatos de galocha é um milagre, uma boa conversa é um milagre, se maravilhar por qualquer coisa é um milagre, se permitir se perder é um milagre, se encontrar é um milagre maior ainda, se manter fiel a você mesmo enquanto somos bombardeados por zilhões de estímulos contraditórios deve ser o maior milagre de todos. E justamente porque somo mortais, esses “pequenos milagres” deveriam ser valorizados, porque é nisso que a nossa existência é “fixada”, é nisso que a gente “vence” a morte.
Mas o parágrafo final do livro responde melhor estas perguntas que este textão hippie hahaha.
3) Qual é a sensação que te dá por ter finalizado essa história? O que espera com ela?
A sensação é muito boa e ao mesmo tempo meio estranha, é sempre complicado se expor. Eu comecei a escrever esta história pra matar o tédio e acabei gostando do resultado, então acho que esta é minha expectativa: que o livro divirta quem lê, que as pessoas se percam com o Bernardo, se embriaguem com a Eleonor e aproveitem a viagem.
P.S.: Roberta, obrigada pelo seu textão hippie! :)
Love, Nina :)
Nossa que bacana! Sucesso para a autora! Não fazia ideia da obra e fiquei feliz em conhecer por meio da sua resenha!
ResponderExcluirRealmente não esperava ao final da postagem essa entrevista com a autora! Foi realmente muito gratificante conhecer um pouquinho mais da história por meio dela! *)---(*
Muito sucesso e parabéns!
Olá, Nina!
ResponderExcluirTe convidei para responder essa tag: http://lunadelua.blogspot.com.br/2015/12/tag-liebster-award.html
Bjs!
Primeiro, parabéns pela parceria com a editora, quanto a resenha atrasada, estou vivenciando a mesma coisa, tem livro lido há dois meses, mas não consegui resenhar... Quanto a editora, não recordo de conhecer. Eu gostei bastante da capa e fiquei curiosa com o enredo, gostei da ressignificação que o autor deu a palavra milagre.
ResponderExcluirGostei da Premissa!
ResponderExcluirGostei de como contou na resenha, espero em breve poder ler e tirar minhas proprias conclusões!
Obrigada
Beijos
Viviana
devoreumlivroeoufilme.blogspot.com.br/
Ola´´a
ResponderExcluirNão conhecia o livro mas sua resenah ficou ótima e já que gostou tanto deve ser uma leitura bem legal, arriscaria e adorei a capa, vou anotar a dica
Beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/