#Mês dos namorados: quotes da literatura LGBT
Já que eu falei t a n t o sobre representatividade na última postagem, percebi que seria justo abarcar outros nichos. Como me dedico a ler e escrever literatura LGBT, claro que encaixei a temática no combo. De início, eu iria somente indicar os melhores livros da temática que já li, mas aí percebi que seria "mais do mesmo" e a proposta, agora, é falar de amor e sexualidade a partir dos livros que escolhi.
No dia dos namorados, um garoto publicou uma reflexão no grupo Culturalizando, que eu achei bem triste e profunda. Ele fazia referência ao atentado de Orlando e perguntava: diante do que aconteceu o amor é um direito ou um privilégio?
Os livros (e a HQ) que escolhi vão tentar responder a essa questão.
Todos nós adorávamos caubóis, de Carol Bensimon
Essa foi a primeira leitura LGBT que fiz na vida, em 2013. Digo, em livros (fanfics é outra coisa haha). Na época, eu não entendi quase nada sobre a questão realmente sexual das personagens. Não entendi, por exemplo, a questão da bissexualidade, porque eu sabia quase nada sobre isso. Muito tempo depois foi que, aos poucos, percebi que muitos trechos estavam me dando pistas e eu simplesmente passei batido. A narradora (Cora) usa livremente a palavra bissexual, o que eu achei totalmente inovador - já que, por mais que os autores queiram ser representativos, a maioria se abstêm de nomear, acho que pra não ofender, ou sei lá. Só que, depois que comecei a entender sobre representatividade, percebi que nomear é uma das coisas mais essenciais quando se trata de temáticas queer. Nomear faz com que o leitor se identifique mais facilmente e possa se reconhecer dentro da trama.
Quote
Reescrevendo Sonhos, de Marcia Dantas
Se tem uma pessoa a quem preciso agradecer por ter me ensinado sobre representatividade é a Marcia. Nos conhecemos por causa da parceria para o blog, mas, hoje, somos amigas e trocamos muitos textos feministas e sobre representatividade feminina e LGBT. Este é o livro de estreia dela e, mais uma vez, traz a bissexualidade, mas com muito menos ênfase, já que a autora não menciona a palavra.
Quote
#Resenha: AQUI.
Você é só pra mim, de Lorena Miyuki
Conheci, no ano passado, o blog da Lorena (Marcado com Letras), que é inteiramente voltado para a literatura/cultura queer e fizemos uma parceria. Este é o único livro que li da autora, mas um dos mais realistas da temática. Os personagens são completamente críveis e condizentes. A atmosfera da trama não tem receio de expor diversas situações construtivas, nem de editar cenas. O que mais amo nesse livro é que a Lorena não faz nem um tipo de distinção entre o amor de Rone e Hígor e o de qualquer outro casal heterossexual.
Quote
#Resenha: AQUI.
Fake, de Felipe Barenco
Outro livro muito realista e que trata de um tema quase desaparecido na literatura: o HIV. O preconceito está presente de forma convincente e até bem menos contundente do que a maioria dos livros LGBT's traz. A grande questão da trama vai além da sexualidade, pois fica claro que assumir quem é não é o drama do Téo. É sobre algo bem mais próximo do que se aceitar, ou não: sobre com quem partilhar o sentimento.
Quote
#Resenha: AQUI.
Volto quando puder, de Isa Prospero e Márcia Oliveira
Foi o último livro LGBT que li e um dos mais surpreendentes e inovadores. Ainda que a questão da sexualidade esteja ali, não está em primeiro plano, já que não diz respeito diretamente ao personagem principal. A temática se desvela aos poucos e com muita inteligência e muitas nuances.
Quote
Azul é a cor mais quente, de Julie Maroh
Hoje, percebo que foi um super erro ter assistido ao filme antes de ler a HQ. Isso porque a proposta de HQ é muito mais humana e existencial. O roteiro do filme, inclusive, distorce diversos pontos essenciais da história original. A HQ preza muito pela própria questão de sexualidade, que não é nenhuma vez debatida no filme. Sem contar que é muito evidente que a trama original preferiu falar de amor, enquanto o filme dá a sensação de que o amor, realmente, não era a essência da trama (nem entro na questão das cenas de sexo, mas no fato de que, de forma geral, eu não consegui sentir o amor por parte de nenhuma das personagens).
Quote
#Resenha da HQ: AQUI.
#Resenha do filme: AQUI.
Links recomendados
No dia dos namorados, um garoto publicou uma reflexão no grupo Culturalizando, que eu achei bem triste e profunda. Ele fazia referência ao atentado de Orlando e perguntava: diante do que aconteceu o amor é um direito ou um privilégio?
Os livros (e a HQ) que escolhi vão tentar responder a essa questão.
Todos nós adorávamos caubóis, de Carol Bensimon
Essa foi a primeira leitura LGBT que fiz na vida, em 2013. Digo, em livros (fanfics é outra coisa haha). Na época, eu não entendi quase nada sobre a questão realmente sexual das personagens. Não entendi, por exemplo, a questão da bissexualidade, porque eu sabia quase nada sobre isso. Muito tempo depois foi que, aos poucos, percebi que muitos trechos estavam me dando pistas e eu simplesmente passei batido. A narradora (Cora) usa livremente a palavra bissexual, o que eu achei totalmente inovador - já que, por mais que os autores queiram ser representativos, a maioria se abstêm de nomear, acho que pra não ofender, ou sei lá. Só que, depois que comecei a entender sobre representatividade, percebi que nomear é uma das coisas mais essenciais quando se trata de temáticas queer. Nomear faz com que o leitor se identifique mais facilmente e possa se reconhecer dentro da trama.
Quote
É o meu quote preferido do livro, porque ele deixa evidente a nossa própria realidade. 1) O fato de o personagem achar que vai constranger, porque, teoricamente, esse assunto é tabu. (Claro, você não sai perguntando a sexualidade das pessoas, né? Porque isso não lhe diz respeito, em primeiro lugar, nem vai mudar a sua vida). 2) A fetichização de relacionamentos entre duas garotas. Obviamente, isso permeia bastante a questão do machismo."Tu e a Julia são namoradas, não?".Eu ri."Por que tu ficou esperando que o casal passasse pra perguntar isso?"."Sei lá. Acho que pra não te deixar constrangida". Então ele fez uma cara de quem não tinha certeza de que essa era uma boa resposta."Tu acha mesmo que isso seria uma razão pra eu me constranger? "."Olha, pra ser sincero, muito pelo contrário. Acho que seria sensacional vocês serem namoradas"."No sentido de 'uau, duas meninas juntas, que coisa mais deliciosa' ou no sentido de 'o amor é plural e infinito, não escolhe gênero, raça, credo'?".Beto parou."Do que tu tá falando?"."Esquece".
Reescrevendo Sonhos, de Marcia Dantas
Se tem uma pessoa a quem preciso agradecer por ter me ensinado sobre representatividade é a Marcia. Nos conhecemos por causa da parceria para o blog, mas, hoje, somos amigas e trocamos muitos textos feministas e sobre representatividade feminina e LGBT. Este é o livro de estreia dela e, mais uma vez, traz a bissexualidade, mas com muito menos ênfase, já que a autora não menciona a palavra.
Quote
Gosto muito desse quote, porque ele é direto e bem explicativo, embora não seja totalmente representativo. Outro ponto ótimo é que a conversa entre as personagens (Luciana e Bárbara) é bastante natural, informal e nenhuma das duas se sente incomodada pelo assunto."– Admiro a ideia e talvez eu devesse realmente ter um encontro para me distrair. Só que definitivamente eu não iria querer isso com um homem.
(...)
– Ah, ok, entendi – Bárbara deu uma pequena risada – Você não curte garotos.
– Exato, sou uma garota que gosta de outras garotas."
#Resenha: AQUI.
Você é só pra mim, de Lorena Miyuki
Conheci, no ano passado, o blog da Lorena (Marcado com Letras), que é inteiramente voltado para a literatura/cultura queer e fizemos uma parceria. Este é o único livro que li da autora, mas um dos mais realistas da temática. Os personagens são completamente críveis e condizentes. A atmosfera da trama não tem receio de expor diversas situações construtivas, nem de editar cenas. O que mais amo nesse livro é que a Lorena não faz nem um tipo de distinção entre o amor de Rone e Hígor e o de qualquer outro casal heterossexual.
Quote
Provavelmente, é o quote mais sensível do livro. Acompanhando todo o contexto em que os personagens estão inseridos, é impossível não se emocionar, pois ele apenas comprova o fato de que o que ambos sentem não é nada diferente do que as outras pessoas também sentem. É bastante fácil entender que o que sentem é totalmente natural e bonito."Queria que tivéssemos pelo menos uma testemunha para comprovar o quanto a gente se gostava, para mostrar que nos respeitávamos e nos completávamos. Uma voz amiga para me lembrar depois, para corroborar tudo o que eu simplesmente imaginava na minha cabeça: que éramos suficientes um para o outro."
#Resenha: AQUI.
Fake, de Felipe Barenco
Outro livro muito realista e que trata de um tema quase desaparecido na literatura: o HIV. O preconceito está presente de forma convincente e até bem menos contundente do que a maioria dos livros LGBT's traz. A grande questão da trama vai além da sexualidade, pois fica claro que assumir quem é não é o drama do Téo. É sobre algo bem mais próximo do que se aceitar, ou não: sobre com quem partilhar o sentimento.
Quote
Por mais que esse não seja o foco da história, gosto muito desse quote, porque expressa muito bem o drama de pessoas LGBT's que não são aceitas dentro de suas próprias casas e são rejeitadas por seus familiares."E se eles soubessem... Eles me amam de verdade? Meus pais me amam independente de qualquer preconceito? Será que eles organizariam uma festa de aniversário para o filho viadinho diante de todos os familiares?".
#Resenha: AQUI.
Volto quando puder, de Isa Prospero e Márcia Oliveira
Foi o último livro LGBT que li e um dos mais surpreendentes e inovadores. Ainda que a questão da sexualidade esteja ali, não está em primeiro plano, já que não diz respeito diretamente ao personagem principal. A temática se desvela aos poucos e com muita inteligência e muitas nuances.
Quote
Amo, amo, amo esse quote, porque ele é direto e muito educativo. Fiquei muito feliz que as autoras tenham pensado em debater questões sutis dentro da temática. O fato de terem aludido à bissexualidade foi bem surpreendente, já que o B é, na maioria das vezes, bastante esquecido e ignorado."– Mas você precisa mesmo saber esse detalhe sobre alguém? Por que é importante lembrar que a sexualidade de alguém é só uma parte, e uma parte pequena, da vida de uma pessoa, sabe?(...)– Sua mãe e eu sempre quisemos ter tudo às claras com você. Que você pudesse conversar com a gente sobre meninas – ele espera um momento – Ou meninos.
– Pai.
– Ou ambos."
Azul é a cor mais quente, de Julie Maroh
Hoje, percebo que foi um super erro ter assistido ao filme antes de ler a HQ. Isso porque a proposta de HQ é muito mais humana e existencial. O roteiro do filme, inclusive, distorce diversos pontos essenciais da história original. A HQ preza muito pela própria questão de sexualidade, que não é nenhuma vez debatida no filme. Sem contar que é muito evidente que a trama original preferiu falar de amor, enquanto o filme dá a sensação de que o amor, realmente, não era a essência da trama (nem entro na questão das cenas de sexo, mas no fato de que, de forma geral, eu não consegui sentir o amor por parte de nenhuma das personagens).
Quote
Muitas passagens da HQ são lindas, mas as que mais me tocaram foram essas (na verdade, uni duas haha). Acho que elas falam por si mesmas e trazem bastante liberdade e existencialismo à trama e ao leitor. Independentemente da orientação sexual do leitor, são passagens que soam como óbvias para quem entende de teoria queer e acredita que amor é amor.“Você nunca teve vergonha de ser assim?”.
“Só o amor pode salvar o mundo, por que eu teria vergonha de amar?”.
(...)
E, pouco a pouco, eu entendi que os caminhos para amar são múltiplos. Não se escolhe quem a gente vai amar, e a nossa concepção de felicidade acaba aparecendo por si mesma, de acordo com a nossa experiência de vida."
#Resenha da HQ: AQUI.
#Resenha do filme: AQUI.
Links recomendados
- Representatividade LGBT e Literatura: Por quê? (canal Fetiche Literário)
- Os desafios da escrita: sexualidade (Marcado com letras)
- Sobre o que escrevo #3: personagens bissexuais (Escritora Marcia Dantas)
- Os desafios da escrita: sexualidade (Marcado com letras)
- Sobre o que escrevo #3: personagens bissexuais (Escritora Marcia Dantas)
///
Não deixe de ler as outras postagens do combo sobre mês dos namorados
Love, Nina :)
Sua citação de Fake foi a mesma que eu mais gostei <3 inclusive tá marcada no livro aqui!
ResponderExcluirE Volto Quando Puder tem umas outras também que me fizeram derreter~
E eu mesma tenho um monte de quote do meu livro *cofcof* marcada, pode isso? HAHAHA
Obrigada por incluir Você É Só Pra Mim ao lado dessas outras maravilhas!
Olá, Nina. Que alegria me deparar com um post tão maravilhoso!
ResponderExcluirEu nunca li nenhum livro com temática LGBT, apesar de já ter comprado dois que estão aqui em casa aguardando a sua vez de serem lidos. Comecei a me dar conta sobre a causa LGBT quando entrei na faculdade, pois vários dos meus colegas são gays, lésbicas, bis e são também militantes da causa. Foi depois de conhecê-los que comecei a entender que existiam problemas muito maiores do que se assumir para a família e tentar ser aceito. Foi quando entendi o que era representatividade, fetichização, invisibilização e outras questões muito importantes.
E com os olhos abertos, passei a achar que a temática LGBT não era muito presente (com representação positiva) na literatura. Ou pelo menos, esses livros não são muito divulgados, ou ainda não comecei a procurar do jeito certo.
Agora fico feliz de ter encontrado essas indicações aqui no seu blog. E achei muito bacana você ter se lembrado de romances LGBT nesse especial de mês dos namorados. Me pareceu uma boa forma de quebrar o padrão heteronormativo. Parabéns pelo post, e espero que as suas indicações possam alcançar muita gente!
Parabéns pelo post, vou procurar os livros, pois todos os quotes demonstraram a sensibilidade destes livros. O único que li foi o da Lorena e super índico todos os outras delas, pois faz parte deste " timão" kkk de livros LGBTs que estão encantando nós leitores de romance e de claro de bons livros.
ResponderExcluirNossa, acredita que nunca li e nem conhecia nenhum desses livros?!! :O
ResponderExcluirPelo menos foi um ótimo post para eu conhecer leituras novas. O que mais me chamou a atenção foi Volto quando puder, parece ser super interessante :)
www.vivendosentimentos.com.br
Olá! Nunca li nenhum livro com temática LGBT, mas tenho vontade. Gostei das suas recomendações, parecem ser histórias muito boas, e as quotes aumentam a vontade de ler. Acho importante como a literatura está refletindo a necessidade de uma maior representatividade, e mostram que não tem porquê acharmos o amor das outras pessoas tão diferente.
ResponderExcluirOlá, ótimo post!
ResponderExcluirEu já li alguns livros com personagens LGBT e quero muito ler Volto quando puder.
Creio que seja importantíssimo destacabar bons livros/hqs desse nicho da literatura, para que não fiquemos só naqueles personagens estereotipados e que nem sempre condizem com a realidade e com o quanto o amor é sempre amor, independente de ser entre héteros ou homos.
Oi Nina.
ResponderExcluirAdorei o post e os quotes.
Ainda não li nenhum desses livros, mas fiquei muito curiosa com alguns e vou procurar para ler.
Beijos
http://aventurandosenoslivros.blogspot.com.br/
Oi!!
ResponderExcluirQue lindo esse post, adorei a iniciativa de falar sobre livros LGBT, infelizmente o preconceito ainda existe. Eu conheço alguns livros, mas outros eu não conhecia e foi bom saber que eles tratam desse assunto.
Vou anotar os nomes aqui.
Beijão!
OI, Nina!
ResponderExcluirQue delícia de postagem. Dos livros e hqs citados não li nenhum ainda, infelizmente. Mas vi o filme de Azul é a cor mais quente e amei. Imagino que vou gostar muito mais do HQ, pelo o que você colocou no post.
Super importante você problematizar essa questão da nomeação da bissexual. Vejo que dentro do próprio movimento LGBT há preconceito com a bissexualidade.
Beijos!