Daisy Jones & The Six: música, vulnerabilidade & essência

abril 17, 2023

 

Imagens: divulgação / Prime Video

Título: Daisy Jones & The Six
Onde assistir: Prime Video
Gênero: Musical/Drama
Classificação: +14/+16
Ano: 2023
★★★★★💖

Um fato sobre mim: eu amo histórias sobre música. Essa arte faz os meus dias acordo escutando o que quer que meu estado emocional precisa e continuo o dia com música pela casa. É o meu combustível. 

Então, quando narrativas ficcionais se empenham em focar em canções, é quase certo que vou gostar. Com Daisy Jones & The Six não foi diferente. Li o livro pela primeira vez em 2021 e, em novembro de 2022, o reli — foi aí que eu fiquei obcecada pela história. De novembro a março, tudo o que eu queria era assistir Daisy Jones e ouvir o álbum Aurora, que, sim, foi gravado pelos atores e lançado em todas as plataformas.

Eu tinha alguns medos sobre a série, em especial sobre a questão das drogas e da suavização da personalidade de Daisy. De início, foi isso que vi e não fiquei contente. No entanto, como os episódios foram saindo semanalmente, foi ótimo não ter assistido tudo de uma vez, pois assim eu pude refletir melhor sobre todas as decisões do roteiro. E é importante ressaltar que foi a própria Taylor Jenkins Reid que roteirizou a série, então ela sabia o que estava fazendo — até porque a proposta da produção era atingir pessoas que já conheciam o livro e as que nunca o tinham lido. E posso dizer que não ficou uma coisa "meio-termo", mas que série e livro se complementam de uma forma ótima, inteligente e muito interessante. É preciso que se entenda que nem toda adaptação deve ser fiel, pois podemos perder várias chances de atingir objetivos diferentes.

Minha opinião de acordo com os blocos de episódios que foram lançados:

Episódios 1, 2 e 3: Os episódios têm ritmo e conseguiram capturar bem a atmosfera dos anos 70, acima de tudo nos looks e na vibe musical. No entanto, senti que deram mais ênfase a pontos secundários e deixaram de lado a essência das drogas. Suavizaram a personalidade de Daisy nesse início, colocando-a como alguém insegura e inocente, mas é interessante observar a jornada que ela tem com a carreira, de buscar ser alguém e ter uma voz. Em relação ao Billy, não abordaram o vício dele e suas consequências de forma mais aberta.

Episódios 4, 5 e 6: A personalidade de Daisy se aproxima mais da original, soando impaciente, ácida e de alguém que só faz o que quer; além disso, as drogas aparecem mais. É assim que toda a realidade caótica da Daisy entra em conflito com a promessa do Billy de ser alguém confiável para a Camila. Os episódios têm momentos de tensão e mais sensíveis, o que move a trama do ponto de vista emocional. Aliás, é muito legal analisar como souberam conduzir a música como uma emoção em meio aos personagens. A essência do livro começa a ficar mais evidente e a história começa a crescer e a se tornar cada vez mais poderosa. O que falar da Simone? Amei como deixaram que ela construísse a própria história e o fato de terem adicionado a sexualidade dela como chave-motor foi uma sacada bem humana e inteligente.

Episódios 7 e 8: Aqui, vemos uma vulnerabilidade emocional tanto de Daisy quanto de Simone, e foi uma ótima jogada para apresentar a amizade delas para além do ponto comum que têm (a música). Gostei muito de como souberam usar o contraste da Daisy em seus momentos de descontrole e sua busca por felicidade.
 
Episódios 9 e 10: Especialmente no episódio 9, podemos analisar a maneira como a Daisy volta à realidade e à suavidade inicial, em contraste com o descontrole. Ela percebe, enfim, que não quer mais viver do modo que vive e isso vai mudando a percepção dela em relação a tudo. É interessante como a tensão é borbulhada para o seu ápice estourar no último episódio, que é uma catarse emocional. Temos raiva, infelicidade, extremismo, revolta, incerteza, redenção, desespero, decepção etc. É um conjunto de elementos que traz a essência da narrativa, ligado pela música, traição, amor e efemeridade dos momentos.

Daisy Jones & The Six é uma história sobre música que realmente mostra a música como parte da trama. A série conseguiu trazer a essência do livro, mas com pontos de vistas mais ricos e aprofundados. A manipulação, que é a chave da história, funciona em ambas das mídias, o que nos oferece visões diferentes  mas complementares  dos personagens e dos acontecimentos. 

Meus episódios favoritos: 5, 8 e 10.

~ Ouça o álbum Aurora AQUI


Até breve, Nina <3 

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Editado por Alice Gonçalves . Tecnologia do Blogger.