#Book Club: resenha - Teus casos meus
Mostrei aqui o projeto Book Club e, hoje, trouxe a segunda parte da proposta para o mês de setembro. A primeira era uma blogagem em forma de projeto fotográfico sobre o #SetembroAmarelo. A segunda é uma resenha de um livro nacional.
O livro escolhido foi Teus casos meus, da autora Aline Sopelsa. A Aline, agora, faz parte do time de autores parceiros do blog :)
Título: Teus casos meus
Autora: Aline Sopelsa
Editora: Editora da autora
Ano: 2016
Páginas: 159
★★★★
Teus casos meus reúne contos, textos e poemas com narrativas rápidas. A maioria dos textos é bastante curta (não passa de duas páginas), o que confere à leitura uma cadência acelerada. Li a primeira metade em uma noite, antes de dormir. São textos, no geral, sobre o amor e suas diversas fases ou facetas. Temos o deslumbramento, a paixão, o furor, a indiferença, a desamor, a mágoa, a gratidão e a saudade. Muitos eu entendi como se o relacionamento narrado estivesse fadado ao fracasso desde o princípio, ou que houvesse tanto orgulho ou desejo de vingança que a relação não se reataria.
Embora sejam dinâmicos, por se tratar de amor, acabaram se tornando repetitivos para mim. Os recortes conferidos às narrativas, acho que devido ao pouco desenvolvimento e de extensão reduzida, começaram a se tornar cansativos depois de um ponto. Porque eu desejava algo diferente, alguma surpresa, mas a maioria não ofereceu algo que já sabia que poderia ler. Ainda assim, os narradores são ótimos e eu preferi quando havia um garoto como personagem narrador. Houve certa afinidade com a forma que a autora decidiu remeter e destinar as palavras, pois usa muito o "eu" e o "você", como se fossem cartas, ou diários - elementos que eu mesma utilizo em meus textos.
Mas claro que existem narrativas que se destacaram, como os casos de Demônios (p.35), Desistir (p.38), Nostalgia (p. 100), Olhos (p. 114) e Reinventando contos (p. 133). Esses conseguiram me provocar emoções que não esperava e me fizeram reencontrar um pouco comigo mesma, no sentido de devolver algumas crenças e lições.
"Meus demônios, por fim, sou eu", p.35
Contos há poucos, mas dois me chamaram atenção, por razões distintas. Fernanda (p. 55) narra alguns minutos da vida de uma prostituta em serviço. A surpresa aconteceu por soar tão real e tão (des)humano, devido à história de vida da personagem. É notável que a moça carrega mulheridade, mas também destina uma parte dos sonhos para si mesma, numa tentativa de se manter sã e humana. A narrativa é igualmente rápida, mas prende devido à quebra de tabu e ao despudor. Se eu pudesse eleger um único texto do livro inteiro, com certeza, seria esse o mais incrível. Já em Personagens (p. 118), temos Eduardo e Marina escrevendo uma história. À princípio, pensei que seria bobinho, daqueles bem piegas, mas o conto me surpreendeu por cativar o meu lado escritora. Acontece que Eduardo e Marina criam Ana e Gui e, com este personagens, se declaram. É algo fofinho, inteligente e diferente.
Lembro de ver um único texto estruturado realmente como poema (Moça, p. 91). Apesar de haver alguns que mimetizam o gênero, são somente prosas poéticas bem concisas. O que me cativou bastante, de forma geral, foi o fato de a autora colocar muito de si a partir desses remetentes/protagonistas, sempre mencionando a escrita e leitura. Há, de fato, alguns textos que me pareceram serem totalmente autorais, como Demônios, Desistir, Heroína (p. 67) e Opostos (p. 116).
"Então, te aconselho: deixe que te olhem para descobrirem o que te agoniza", p. 114.
Apesar da monotonia em certas partes, adorei ler Teus casos meus. A escrita da Aline é absurdamente linda, com pouquíssimos erros de português e muito madura. Dá pra perceber que ela não é piegas, ou uma daquelas escritoras água-com-açúcar eternas. A concisão dos textos deixou a desejar pelo fato de eu ser acostumada com textos mais longos, mas são muito lúcidos e rendem ótimas reflexões sobre o amor.
A capa chama bastante atenção e foi muito bem feita, por ser harmônica. A diagramação está ótima, com tipografias grandes, e o elemento gráfico interno (folhas, flores e abelhas) sempre acima dos títulos ficou uma graça. As páginas são amareladas e são ótimas para leituras noturnas.
"Invente seu próprio conto de fada, ou nem invente, mas faça sua história", p. 134.
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Para degustar algumas páginas do livro: AQUI
A entrevista com a Aline não deu tempo de fazer,
pois terminei o livro agora há pouco, mas em breve a faço e a publico aqui :)
Love, Nina :)
Amei a resenha! =) Muito feliz com a parceria. ♥
ResponderExcluirOlá flor, não conhecia essa obra, mas curti bastante sua resenha, fiquei curiosa e com vontade de ler também 😊
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Nossa, muito bacana o livro, não conhecia. Adoro ler contos, quando são curtinhos então... me conquistam de cara! Adorei a dica!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras / Sorteio de 3 KITS