#Dia das crianças: as várias formas de receber amor

outubro 12, 2016
Outubro é um mês bastante diversificado e, por isso, não sairá um combo especial de um único tema. Este é sobre crianças, já que hoje (12) é o dia das crianças, mas além desse tema, pretendo ainda trabalhar sobre idosos e sobre o câncer de mama


A minha vontade de falar sobre maternidade surgiu de uma necessidade de ser ouvida (ou lida, como é o caso). Eu tinha uns dezesseis anos quando percebi que a ideia de ser mãe biológica não me agradava. Ainda hoje, a ideia não condiz com o que quero para o meu futuro. Não acho que a sensação de se estar grávida seja confortável, porque nunca quis carregar um filho na barriga. Parece egoísta para você? Agora pense nas crianças que vieram ao mundo que, ao invés de ganharem atenção e amor, ganham viagens, cursos e estresse. Pense mais perto ainda: nas crianças que, por inúmeros motivos, estão à espera de um novo lar. Não quero ser mãe biológica, mas a ideia de exercer esse papel a partir outro meio, por adoção, em especial, se relaciona muito mais comigo enquanto mulher. 

Há mulheres que querem muito ser mães biológicas e podem. Há outras que, apesar de quererem muito, não podem e/ou não conseguem (e, por isso, precisam recorrer a outros meios de exercer o sonho/desejo). Há outras que podem, mas não querem. Todas as mulheres estão certas, porque cada uma delas é dona do seu próprio corpo e daquilo que querem para si. Ser mãe é uma escolha, nunca uma obrigação. Quando amamos alguém escolhemos doar amor. Doar amor nunca será uma obrigação, nem para o homem, muito menos para a mulher. 

Dizer para uma mulher que é natural querer ser mãe e obrigá-la a isso é cruel. Dizer que ela apenas conhecerá o "amor verdadeiro" depois de ter filhos é cruel. Perguntar a ela se não tem medo de terminar sozinha é cruel. Acontece que é cruel, porque essa visão de mundo é somente sua e nunca pode servir de imposição aos outros. 

A mulher é livre e a maternidade também é. 

Listei três crianças que aprenderam a ser amadas por mulheres que não são suas mães biológicas, mas que nunca deixaram de doar amor. 

Seriado: Once Upon a Time (2011 - atualmente)

Regina Mills é uma mulher poderosa, tanto no "mundo real" quanto em Storybrooke. Henry é filho dela, mas acredita que sua mãe verdadeira é Emma Swan. A relação de Regina e Henry fica conturbada após Emma entrar nesta família e, a cada temporada, segredos são descobertos. Um deles é que o garoto não é filho biológico de Regina, mas realmente de Emma. Apesar das intrigas, das relações que nem sempre são confiáveis e da desconfiança, o amor de mãe impera bastante. Regina é cruel por vezes, porque é a figura "má" da história, mas que esconde narrativas pessoais bonitas, tristes e de esperança. A convivência ensinou a esses três personagens principais que a proteção e a lealdade é muito mais do que uma lição de sobrevivência, mas de amor incondicional. 

Livro/filme: A menina que roubava livros (2008 | 2013)

Um regime totalitário desumano, o medo e a impotência de manter a sobrevivência fez, historicamente, com que famílias reais se separassem, ou se perdessem para sempre. Nesta história, Liesel é a filha mais velha que, depois de presenciar o irmãozinho morrer num comboio ao tentar atravessar a Alemanha, é colocada para adoção pela própria mãe. A mãe está desesperada, claro, por sobrevivência (dela e da única filha restante). É assim, então, que a garota é aceita pelo casal Hans e Rosa Hubermann. A interação entre Liesel e Rosa não é tão intensa, pelo menos até Hans ser convocado para o exército. A partir daí, se unem para se manterem sãs e fortes sem a presença deste personagem. Rosa pode parecer uma figura fria e distante, mas no decorrer da trama o laço com a menina ganha outros contornos, agora muito mais maternais. Existe amor, mas resistência e perseverança na relação entre as duas.

Filme: As coisas impossíveis do amor (2011)

Emilia é uma personagem feminina conturbada, pois está vivendo um período bastante delicado e complicado. Após a morte da filha ainda bebê (sobreviveu apenas três dias), vem enfrentando problemas com o marido, a ex-esposa dele e com o enteado, Will. Há vários sentimentos conflitantes na narrativa, como culpa, raiva, frieza e vingança. O amor de mãe, Emilia sente pela bebê morta, Isabel. Mesmo que tente conquistar Will, acaba em situações bastante prejudiciais. O garoto é muito inteligente, apesar de ter apenas oito anos, e sabe muito bem jogar Emilia contra os pais. Apesar de ele reconhecer que sua família nuclear não é apenas seu pai e sua mãe, tem dificuldades em aceitar a madrasta e reconhecer os esforços dela. Essa história é sobre diferentes intensidades de amores maternos, mas também sobre os laços familiares e a aceitação do amor. O filme mostra que aceitar o amor nem sempre é fácil e bonito, muitas vezes é sofrido e precisa vencer várias etapas para, enfim, existir.

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Links recomendados
> Manifesto definitivo de uma mulher que não quer ser mãe (Site Lado M)
> Ser mulher, ser mãe e ser esposa: por que uma coisa não está ligada a outra (Revista Capitolina)
> Pelo direito de escolher ser mãe (Revista Capitolina)
> “Eu amo meu filho, mas odeio ser mãe”: declarações sobre maternidade geram polêmica nas redes (Revista Marie Claire)
> "Nós duas sempre quisemos a maternidade", diz mãe biológica (Jornal Zero Hora)

Love, Nina :)

21 comentários:

  1. Lindo texto! Informativo, reflexivo e sempre aberto à pluralidade de pensamentos, Nina! Amei!

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  2. Sensacional!

    Precisamos quebrar o tabu mistificado da maternidade e encarar a realidade de que as mulheres são diferentes, com experiências diferentes e que nada disso vai invalidá-las.

    Amei as citações e as referências, Nina <3

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  3. Mais um texto maravilho, Nina!
    Há alguns anos atrás, eu tinha muita vontade de ser mãe biológica, hoje, já não tenho mais essa certeza. Acho a adoção um ato maravilhoso que deveria ser realizado por todas as pessoas que querem ter filhos, afinal, são tantas crianças no mundo precisando de amor.
    Acho horrível esse julgamento que muitas pessoas fazem porque uma mulher não quer ter filhos, ora, cada um tem sua maneira de distribuir o amor. Eu e você queremos ser mães, outra mulher pode amar muito os sobrinhos e se contentar com isso. Como você disse, somos livres e o importante é amar e ser amado! ^^
    Bjss

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  4. Essas mães e filhos que você escolheu <3
    Eu faço parte do grupo que quer desesperadamente ser mãe, de preferência biológica. Na verdade, eu quero ser mãe e ponto. Não interessa se biológica ou por adoção legal ou do coração. Carregar um filho na barriga tem um significado enorme pra mim e eu vivo dizendo que será uma frustração e dor enorme se um dia descobrir que não sou capaz disso. Mas ainda assim, tenho plena certeza de que um dia serei mãe.

    E minha relação com minha mãe não é às mil maravilhas, anda bem longe de ser como eu gostaria, e isso deveria me desestimular quanto a maternidade, mas faz exatamente o contrário.

    Eu acho que o importante é você se conectar com alguém e experimentar a maternidade da forma que lhe for mais agradável. Eu vivo dizendo que a gente não precisa ser de fato mãe para ser mãe. Entendeu? Faz sentido pra mim hahaha Eu me considero mãe do meu irmão várias vezes, e de um primo em especial que vi nascer, cuidei desde pequeno e me permiti assumir algumas responsabilidades que não eram minhas quando a mãe dele faleceu ano passado.

    Eu amo seus posts e seu ponto de vista acerca de tudo, e a forma como você sempre se manifesta de um jeito saudável e extremamente importante. Sou sua fã demais! <3

    Beijo
    www.blogrefugio.com

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  5. Texto maravilhoso! Vejo muitos casos onde mulheres são pressionadas a engravidar porque "foram feitas para isso"... Fico com a impressão de que são tratadas como máquinas... incubadoras para ser mais franca... Muitos esquecem o real sentido da maternidade, que ao meu ver, é cuidar, dar amor a outro ser. o "ser biológico', é um mero detalhe... Enquanto Psicóloga, me deparo sempre com famílias formadas de modo até mesmo inesperado (morte de parentes, adoção à brasileira...) que dão muito mais amor do que as ditas "tradicionais". Acho um absurdo a pessoa encher a criança de atividades e não dedicar um tempo de qualidade para ela, sim um tempo juntos, mesmo que sem nada para fazer... Atualmente as pessoas precisam aprender a desacelerar seu ritmo e proporcionar simples e bons momentos às crianças, nossa geração futura.

    Bjss
    www.livrosdabeta.blogspot.com.br

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  6. Oiii Nina, como vai?
    Que texto incrível garota, fiquei aqui lendo e me encantando em cada palavra sua escrita, você sempre arrasa nestes textos e amei os personagens que escolheste.
    Beijinhos

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  7. Oi Nina, tudo bem? Amei sei texto. Sou mãe por opção e confesso que foi a melhor escolha da minha vida. As vezes pergunto pq tantas pessoas boas queria engravidar e pq tantos que engravidam não querem ser mães. E agradeço a Deus pelos anjos em forma de mães adotivas que ele coloca na vida de algumas crianças; Parabéns pelo texto.
    http://www.facesemlivros.com/

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  8. Não acho que só porque a pessoa é mulher tem necessariamente que ser mãe, e ainda mais gerar seu próprio filho. Mãe não é só isso, não se resumi a gerar o filho, por isso não acho egoismo nenhum quando vejo mulheres que não pretendem ter filhos biológicos, ou mesmo adotivos. Egoísmo é gerar uma criança e não ter estrutura emocional nenhuma para criá-la.
    Bjs!

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  9. Olá, Nina! Adorei seu texto! Particularmente, eu tenho muita vontade de ser mãe biológica, experimentar as sensações da gravidez (apesar de morrer de medo também haha), mas também tenho vontade de adotar uma criança. Concordo com você, as mulheres não devem ser impostas a nada, todas tem poder de decisão e sabem o que é melhor para si. Já passou do tempo de pararem de achar que mulher foi feita pra ter filho.
    Amei suas escolhas de filhos/mães. Só não conheço o último filme, mas fiquei com muita vontade de assistir.
    Parabéns pela postagem crítica e muito bem construída!
    Beijão!

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  10. Que post maravilhosooooo! Abraça aqui...
    Não tenho vontade de ser mãe biológica, nunca tive. Não acho nenhum pouco egoísta, sinceramente, muito pelo contrário. Tanta criança no mundo que tem como maior sonho uma família, por que seria egoísta querer dar isso a ela?
    Agora, fazer da maternidade biológica ser um obrigação, isso sim é cruel.
    A mulher é quem deve escolher ser ou não ser mãe, seja como for, biológica ou não.

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  11. Muito interessante seu conceito de maternidade. Mostra que você está pensando fora da bolha!
    mulheresesuasescolhas.blogspot.com.br

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  12. Sempre que falam de relação mãe e filho eu lembro da Regina e do Henry. O carinho dos dois sempre me chamou atenção na série.
    Não conheço esse último filme citado, vou procurar depois.

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  13. Olá Nina
    Que post mais bonito!
    Adorei sua reflexão e concordo com tudo, exigir um padrão de maternidade é cruel sim.
    Dicas anotadas, vou assistir também
    Bjks mil

    www.maeliteratura.com

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  14. Olá!
    Adorei o jeito que você abordou o assunto. Interessante seu conceito de maternidade. Uma vez uma mulher que queria muito ter um filhos e não conseguia, um dia ela me contou que disseram a ela que mulher que não tem filhos é uma arvore seca. Isso é tão cruel. Hoje em dia essa mulher tem uma menina linda, e quem falou isso para ela e nunca soube dela. Como você mesmo disse, é uma escolha pessoa. E é terrível muitos pensa que toda mulher quer ou deve engravidar... Essas três crianças que você citou eu já conhecia. =) Beijos'

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  15. Muito profundo seu post, minha opção de ser mãe pela primeira vez não foi planejado tinha 16 anos, já na segunda com 25 era o que realmente queria, nada por imposição, mas sempre quis ser mãe. Mas as mães que não são biológicas tem um papel imensamente lindo, mas do que nós Biológicas, o fato de escolher uma criança e amá-la é um desafio grande, aceitar que ela tem características diferente e superar a barreira do abandono. Os filmes citados são lindos vi todos eles e me emocionei bastante. Bjkas

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  16. Olá!
    Simplesmente amei o seu texto. Eu sou uma dessas mulheres que podem ter filhos e simplesmente não querem, mas caso venha a acontecer darei com certeza meu melhor para a criança. Gostei muito de você focar nas mães que não são biológicas, porque acho que fazem um trabalho simplesmente lindo com essas crianças.
    Beijos.
    http://arsenaldeideiasblog.wordpress.com/

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  17. Olá, tem como não se emocionar com algum texto seu Nina? Acho que não!
    Como sempre, você consegue abalar meus sentimentos e essas imagens, foram selecionadas a dedo, é muito amor <3

    Abraços

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  18. Sensacional! De fato seu texto emociona e nos faz refletir em tudo. Amei demais o post!
    Beijos,
    https://diariasleituras.blogspot.com.br

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  19. Lendo seu texto, voltei ao passado. Eu, aos 16 precisei fazer uma incisão no joelho e muito medrosa, disse ao médico que não teria filhos (respondendo ao comentário dele sobre o assunto). Casei e tive apenas um filho. Mais tarde ele me cobrou por ser filho único. Cheguei a pensar na adoção, porém, ficou apenas no pensamento.
    Toda mulher é livre para escolher para si a melhor opção. O que importa é que ela, mãe biológica ou adotiva, ame seu filho.
    Parabéns pelo post!
    Bjos,
    http://contosdacabana.blogspot.com.br/
    Quanto aos filmes, assisti os dois últimos; são ótimos exemplos, como você citou, da doação de amor.

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  20. A D O R E I a discussão sobre maternidade. Digna de Simone de Beauvoir. Parabéns!

    Um beijo,
    Ruh Dias
    perplexidadesilencio.blogspot.com

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  21. Olá, tudo bem?

    Adorei seu post, muito legal e refletivo, sempre tive dúvidas sobre querer ou não, hoje quero, enfim, são fazes na vida e todas as mulheres devem ter suas vontades respeitadas. A mulher, o homem, enfim, quem for, pode conhecer o amor verdadeiro de diversas formas, porque o amor é inexplicável, apenas se sente... Adorei seu texto, mesmo!

    Beijo!
    Ana.

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