#Resenha de contos: Retratos de um futuro perdido + Ainda estou aqui
Eu me sinto em débito com a Marcia Dantas há algum tempo. Apesar de ainda acompanhar os trabalhos dela, raramente tenho tido tempo de parar para resenhá-los. Hoje, então, trago resenha dupla de dois contos da Marcia, disponíveis na Amazon.
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Este conto, apesar de ser do gênero distopia, consegue se relacionar muito bem com os dias atuais. Relativamente curto, narra em terceira pessoa dois momentos da vida de Milena. A sociedade na qual vive é regrada e controlada, em especial em relação ao conhecimento e à aprendizagem das crianças e adolescentes. Entendemos que o conceito de escola não é com salas de aulas, professores e livros. É com equipamentos tecnológicos e procedimentos doloridos. São apenas quinze minutos, nos quais os alunos absorvem informações para depois decodificá-las e memorizá-las. É tudo bastante imposto, já que ninguém tem a liberdade de escolher o que quer realmente aprender (e, muitas vezes, as pessoas só vão saber que aprenderam coisas que não queriam muito depois).
Em meio à repressão do intelecto, Milena precisa guardar um segredo. É a partir dele que faz escolhas próprias, como a de se juntar ao Movimento de Resistência Intelectual. Ela quer, ao máximo, libertar as pessoas da opressão e da mecanização do aprendizado. Agora, quinze anos depois, já integrante fixa do Movimento, quer lutar na linha de frente.
O conto não é ingênuo e, por se relacionar com nossa atual estrutura de educação, é muito inteligente. A maturidade da autora é, com certeza, sua marca registrada. As palavras escolhidas, o enredo e a crítica são maduros de um tanto que, por vezes, me fizeram esquecer que a história é somente um conto. A crítica social está em cada entrelinha e o fato de estar relacionada a nós, brasileiros, é mágico e necessário, além de dolorido e triste. A resistência proposta pela personagem, entretanto, é uma esperança.
Confesso que, após ler o conto, o título dele me incomodou, pois a história me passa muita esperança, um desejo de mudança, e não acho que o futuro esteja perdido (nem o de real, nem o da ficção). Ainda assim, a reflexão é sensacional e verdadeira. São poucos autores que se comprometem em aliar as palavras aos seus cotidianos, em forma de crítica e esperança, e fico muito feliz por saber que a Marcia entende o que é ser resistência.
“ Histórias assim são como experimentos, pequenas simulações de nossas escolhas. E como toda simulação, nos ajuda a compreender as consequências das decisões tomadas, nos torna reais proprietários de nossos destinos.O fato é que nós precisamos de histórias, e precisamos desse tipo de história.Trecho do prefácio, escrito por Fernanda Castro.
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Depois de duas semanas separadas, Helena e Cleo se reencontram para uma conversa. Cleo se encontra num momento de culpa e de angústia, sem saber como se expressar. Já Helena está com raiva e confusa diante das palavras da outra. O momento entre elas é num curto espaço de tempo, mas extremamente humano, frágil e verdadeiro.
Em retrospectiva, a partir do diálogo, entendemos que eram melhores amigas antes de se relacionarem romanticamente. Por isso, a cena é tão singela e forte, no sentido emocional. Dá para sentir toda a fragilidade de Cleo, enquanto alguém que teve de voltar atrás e pedir desculpas. Isso me fez refletir em quantas vezes pedimos desculpas às pessoas que machucamos e em quantas vezes enfrentamos o medo do não e lutamos por aqueles que amamos.
Os sentimentos neste conto transbordam, variados em amor, culpa, impotência e esperança. O recorte dado me agradou bastante, pois o momento parece fugaz, mas continua infinito no leitor, após a leitura. Fico cada vez mais feliz por ver o amor real ganhando a literatura em meio a tantas histórias comuns. A representatividade que a Marcia dá às personagens é sempre o ponto positivo de seus histórias e, nesta, não é diferente. Ela consegue tratar o amor como um pêndulo, ora incrível, ora doloroso e, por isso, a verossimilhança com a qual escreve é apaixonante.
“ – Quando foi que você ficou tão corajosa assim?– Corajosa, eu? Você que me ensinou a ser corajosa, desde o momento em que disse que me amava, mesmo sem ainda entender o que sentia e como isso a definia. Eu só aprendi com você.
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Outras obras da autora
(Des)amor
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Reescrevendo Sonhos
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Todos os sonhos do mundo
Em andamento
Para ler no Wattpad: AQUI
*Este é um prequel de Reescrevendo Sonhos, mas não é necessário ler o romance original para entendê-lo
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Em breve, trarei a resenha de Todos os sonhos do mundo ;)
Love, Nina :)
Heeeeeey,
ResponderExcluirFoi a coisa mais linda encontrar essa resenha <3 E não, nunca se sinta em débito, pq o apoio que vc me dá é fantástico.
Obrigada sempre pelas análises incríveis, sempre incentivar e impulsionar.
<33333
Obrigada você pelas histórias lindas e maravilhosas!
ExcluirVou te apoiar sempre!
<3333
Já aconteceu comigo, também, de discordar do título de algumas leituras.
ResponderExcluirO enredo e a capa do segundo conto (Ainda estou aqui), chamou mais a minha atenção. Leio vários gêneros, mas o meu preferido é aquele onde predomina o amor.
Bjos!
Eu gostei muito desse primeiro conto. Deu vontade de ler. Distopias tendem a ser muito interessantes mesmo.
ResponderExcluirwww.cantaremverso.blogspor.com.br
Oi Nina! Tudo bem?
ResponderExcluirConheço a autora, mas esse dois contos não conhecia. Me interessei pelo segundo e provavelmente leia. Adorei seu post e as capas dos dois contos são lindas. Bj
Oi Nina, não li nada dela ainda, e gostei muito deste segundo conto, Ainda Estou Aqui. Vou anotar os títulos, tanto os que você reservou como os outros.
ResponderExcluirBjs
Eu gosto muito de contos mas nenhum dos dois me despertou interesse pela leitura. Gostei de ler sua opinião sobre os dois mas infelizmente vou passar a dica.
ResponderExcluirSou apaixonada por contos, mas infelizmente ainda não conhecia esses, felizmente adorei sua resenha e irei procurar para conhecer um pouco mais.
ResponderExcluirArt of life and books.
Ainda não conhecia a autora, mas felizmente você mudou isso, pois amei a primeira história, parece ser excelente! Vou adicionar na minha lista :D
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirO primeiro conto me chamou muito a atenção porque amo distopias. Achei legal você falar que o título não condiz com as suas impressões da obra, porque realmente, por ele temos uma ideia totalmente diferente do contexto.
Beijos.
http://arsenaldeideiasblog.wordpress.com/
Oi Nina!
ResponderExcluirNão li nada da Márcia ainda, mas quero muito ler
Fiquei ainda mais curiosa
Adorei o post
Acho que vou curtir muito estas leituras!
Bjks mil
www.maeliteratura.com