Top 5: ansiedade

novembro 15, 2017

Todo mundo, em maior ou menor grau, convive com a ansiedade. Faz mais de três anos que leio sobre o assunto e um pouco mais de dois que lido com ela em episódios que vão de leve a críticos. Faz um pouco mais de dois, também, que experimentei os primeiros ataques de pânico. 

Ler sobre esses assuntos é m u i t o diferente de vivenciá-los. Tudo aquilo que você lê parece bastante difícil de acontecer, porque é difícil de imaginar que todos aqueles sintomas podem se aflorar em poucos segundos: a falta de ar, a tremedeira, a inquietação e o coração (muito) acelerado. Isso é a ansiedade. É querer fugir, sair correndo, mas saber que fazer isso, especialmente num espaço público, será estranho. Tenho algum grau de fobia social, então, a ansiedade me acompanha há vários anos, mas costumava achar que era somente um nervosinho à toa de estar em frente à turma, em frente a um estranho, em frente à um professor. Levei tempo para entender que a minha fobia social, aos poucos, me tornava alguém que andava rápido demais, que não gostava de ser apresentada a um grupo de pessoas, que não sabia lidar com aglomerações. 

A ansiedade te leva a acreditar que você precisa estar s e m p r e alerta. Uma metáfora que usei com algumas amigas, quando comecei a entender melhor o que sentia, é a seguinte: é como ser um cervo numa floresta esperando um atirador me fazer alvo. Ou seja, é como se a minha cabeça não conseguisse se desligar, porque estou sempre esperando que algo (geralmente muito ruim) aconteça. E esse estado de alerta é sempre muito sufocante, porque às vezes pode parece que estamos paranoicos, ou preocupados em excesso. E quem não entende isso acaba achando que estamos "exagerando", "fazendo drama" etc. 

O pânico é diferente da ansiedade, porque é um episódio mais grave. Muitos relatam que estão tendo um ataque cardíaco. Em todas as vezes, foi isso que senti também. A falta de ar, a visão embaralhada, a audição precária. Qualquer e toda capacidade é afetada, é como ficar paralisada no mesmo lugar sem conseguir pedir socorro. Comecei a ter os ataques de pânico sozinha, em casa, e tudo ficou muito pior quando os comecei a ter no ambiente acadêmico. 

Em geral, se você não falar que está passando mal ninguém vai descobrir. Às vezes, não dá para explicar assertivamente o que está sentindo, porque é tudo muito embolado. E não é algo constante. A gente nunca consegue prever quando teremos uma crise ou surto de ansiedade ou de pânico. É certo que existem gatilhos (situações, pessoas, lembranças que desencadeiam essas crises), mas não dá para dizer que só as pessoas que passaram por um grande trauma lidam com eles. Quando procuramos e entendemos os nossos gatilhos, entretanto, dá para controlar as crises e os surtos. Isso porque a ansiedade e os ataques de pânico são transtornos, o que significa que não têm cura. O que podemos fazer é controlá-los para que não afetem completamente quem somos.

Esse Top 5, então, é para falar de cinco formas que encontrei de controlar a minha ansiedade.


É importante dizer que o que colocarei aqui funciona comigo,
ou seja, pode não funcionar com mais ninguém.
Outra coisa importante é: se você sabe ou desconfia de que lida com esses transtornos,  procure ajuda. O profissional pode te ajudar a identificar e a entender seus gatilhos, por exemplo. E, a partir disso, você pode encontrar maneiras conjuntas ou individuais de controlá-los :)


1. Ouvir Spiegel I'm Spiegel

Essa música faz parte da trilha sonora do filme About Time. Ela tem quase 10 minutos, toda instrumental. Eu a m o música instrumental, pois me acalma horrores. Escutei Spiegel I'm Spiegel durante muito tempo, ouvia em qualquer lugar, em qualquer situação. Mesmo que a tenha deixado de ouvi-la, foi o meu primeiro contato com uma canção que pudesse me acalmar. 

2. Meia hora relaxante
Eu sei que a rotina de todo mundo acaba cansando uma hora e por isso é importante tirar alguns minutos só pra gente. Ir a um lugar que sabemos que nos traz tranquilidade e fazer algo que gostamos pode repor a energia perdida pela correria. 

3. Inspire-expire

É só isso mesmo: guarde um tempo longe de tudo e de todos para respirar. Isso faz com que seus batimentos se regularizem e, com isso, você se sentirá mais calmo(a).

Quem tem curiosidade ou gosta sobre meditação, e ainda não experimentou nenhuma técnica, eu já experimentei dois aplicativos:

Headspace: são sessões de 10 minutos, nas quais o interlocutor te faz transitar entre diferentes tipos de focos: o espacial, o corporal e o mental. Todas as sessões são um pouco parecidas, com exercícios de respiração, concentração e desconcentração (simplesmente, deixar a mente vagar por um tempo).

Ponto positivo: você acompanha o seu progresso no próprio aplicativo ou por notificações de e-mails.

Ponto negativo: se você não entende inglês muito bem, não vai acompanhar as sessões com tanta atenção.

> Pacifica: te ajuda a entender o seu estado mental no momento. Os exercícios são diferentes, caso você esteja se sentindo ansioso, estressado ou queira apenas ajuda na concentração.

Ponto positivo: os exercícios de respiração seguem o seu ritmo personalizado, uma vez que você mesmo pode regular o tipo de som ao fundo, a velocidade da respiração e quantas sessões quer.

Ponto negativo: algumas categorias são bloqueadas e você precisa pagar por elas.


4. Ter uma tarde cultural
Provavelmente, nem todos gostam de sair pela cidade em busca de museus e centros culturais. Tenho ciência que nem todos gostam desse tipo de programa. Mas o termo cultura é muito, muito amplo. Você não precisa ir a um museu; pode ir a um cinema, assistir dois filmes seguidos, e ir à livraria/loja de games/brique de rua etc. Desde que essa tarde, em definitivo, faça seus pensamentos estarem bem longe do que te preocupa e da sua ansiedade.

5. Conecte-se com seu interior
Muitas vezes, isso é algo bem difícil. E como quase todo mundo está correndo, sem parada, acaba perdendo epifanias e momentos de auto-análise. Uma das vezes que me permitiu conectar com meu interior foi quando li As Ondas, da Virginia Woolf, em 2015. É importante que todo nós encontremos algo - uma música, um livro, um filme, um lugar - que nos faça perceber quem somos e como queremos lidar com aquilo que somos.

O propósito de se conectar consigo mesmo é rever valores, ações, pensamentos e relações. E, por isso, não existe uma fórmula. Cabe a cada um encontrar a melhor maneira de fazê-lo. O que acontece quando você se conecta é que vai saber reconhecer aquilo que mais lhe aflige na ansiedade e controlar com mais afinco. Controlar a ansiedade não demanda, efetivamente, mudanças radicais - só se você realmente as quiser e as aceitar.

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Links legais:

> Por que estamos tão ansiosos? (Drauzio Varella)
> 14 retratos que mostram como a ansiedade realmente é (BuzzFeed)
> 17 coisas que todo ansioso gostaria que você soubesse (BuzzFeed)
> Vivendo com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) (YouTube, por Bia Jiacomine)


Love, Nina :)

12 comentários:

  1. Que post maravilhoso, quando vi tu publicando no face, eu não demorei pra vir ler. Isso porque eu nunca fui em um psicólogo, mas sinto coisinhas estranhas e muito ruins que me fazem pensar nessa possibilidade, então sempre procuro essas dicas quando tô num dos dias que tô me sentindo muito mal. Nunca fui em um médico especializado por causa da família mesmo, sinto que não me apoiarão na decisão e eu ainda não tenho formas de pagar um, minha cidade não tem esse tipo de atendimento gratuito, enfim, muitos motivos. Eu já testei diversos aplicativos de meditação e relaxamento que me fizeram bem por um tempo, mas logo depois eu parei. De qualquer forma, ainda não experimentei os que você indicou. Como sou muito conectada a música, vou tentar também ouvir Spiegel I'm Spiegel, ainda não tinha ouvido falar desse musical. Outra coisa que preciso fazer é me conectar comigo, sinto falta disso de vez em quando, vou tentar pensar em coisas que facilitem isso.

    Xoxo <3

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  2. Olá. Tinha muitas crises de ansiedade e comecei a me tratar fora da ideia da biomedicina, o que foi fundamental para mim. Hoje, tento entender os motivos, a ansiedade é o menor, mas comecei tratando os efeitos psicossomáticos, como a psoríase que mais me incomodava. Também descobri os efeitos da alimentação e atividades físicas que tivessem relação comigo. pedi demissão de alguns empregos e a base de meu tratamento é a bioenergética. Também tomo antroposófico, florais, chás, etc. me libertar da noção biomédica de saúde, ter domínio sobre meu corpo, me curar da psoríase foram libertadores, hoje, trabalho as causas, pois a ansiedade é só o topo da coisa, existem raízes profundas que necessitam ser entendidas, faço muitas leituras dentro da psicologia junguiana, bioenergética e física quântica.

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  3. Realmente é pra se ficar em alerta com a ansiedade! Coisa difícil de lidar, de tratar... E o pânico, é pior ainda... Considero seu post crucial e fundamental para o conhecimento do leigo leitor. Parabéns! Post de utilidade pública!

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  4. Gostei muito de conhecer seu blog e ver esse post. Infelizmente é o mal do século e nenhum de nós está livre, pois há um excesso de informações que nos estressam bastante e o resultado disso é a ansiedade. Muitas pessoas conseguem lidar com isso sem maiores danos mas outras já não conseguem. O que vejo muito hoje em dia é o preconceito em falar sobre o assunto como se fosse coisa de outro mundo e isso pode afetar bastante, a não aceitação é mais grave que a própria ansiedade. Leio muito os livros de Augusto Cury, pois ele é um profissional que estuda os fenômenos da mente humana e nos ajuda a entender o que está causando tal transtorno para que nós mesmo busquemos uma saída. Eu sou uma pessoa ansiosa com tudo e tento me policiar sempre pra não agravar, mas é complicado mesmo. São ótimas opções esse seu top 5, desejo que te ajude e vou levar essas dicas pra mim também. Beijos!

    http://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/

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  5. Olá, tudo bom?

    Eu tive uma colega de universidade que sofria muito com isso. Apesar de eu ser uma pessoa ansiosa e ficar nervosa algumas vezes, não chego a ter um transtorno de ansiedade. Ela, entretanto, chegava até a passar mal em algumas ocasiões, principalmente sob pressão, e acredito que essas dicas que você deu poderiam tê-la ajudado.
    O lado bom é que discussões sobre transtornos psicológicos estão ganhando espaço, ainda mais por vivermos em ambientes estressantes e com muita pressão, principalmente com os jovens e suas expectativas acerca de seu futuro. Apesar de não ser todo mundo que possa se consultar com um especialista, infelizmente. Porém, é algo que devemos buscar ajuda e mudar alguns hábitos para ter uma vida mais saudável. Desejo o melhor para você <3

    Enfim, adorei a postagem :)
    Abraços.

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  6. Olá, super importante esse seu post. Tudo o que lhe desejo é força para seguir em frente. Algo que me ajudou muito na questão da ansiedade foi a respiração, obrigada pelas dicas de aplicativos; me conectar mais com o meu interior também foi de extrema importância para me conhecer melhor.

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  7. Olá Nina!
    Que post incrível. Acho o tema tão comum e nesse mundo agitado e corrido que vivemos estamos fadados a cada vez mais vivermos em grande ansiedade.
    Há uns anos atrás eu vivia em tanta pressão no trabalho e nos plantões no hospital que comecei a perder qualidade de vida e viver ansiosa tanto que desenvolvi um batimento cardíaco diferente que me levou a ter que tomar remédios para controlar e uma bateria de exames, foi ai que comecei a desacelerar, passar a respirar mais (isso é importante) bem como a incluir mais lazer, e me encontrei na leitura. Hoje esse já é um assunto que ficou para trás e não me encontro mais na dependência de ter que tomar remédio para amenizar os batimentos cardíacos e levo uma vida muito mais tranquila.
    O mundo pode tá desabando e sigo numa boa. Um aprendizado e tanto que deu certo.
    E espero que sua postagem sirva de ajuda para muitos que precisam encontrar uma forma de se manterem numa boa.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  8. Oi Nina, eu trabalho muito com a ansiedade do meu mais velho, e acho que ele melhorou e muito neste quesito. Suas dicas de como enfrentar isso são muito boas, e acredito que pode ajudar muita gente
    Bjs, Rose

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  9. Gostei muito da postagem, a cerca de dois anos comecei a sofrer do mesmo mal, o que desencadeou uma forte depressão, com quem eu luto até hoje. Tentei de tudo, tudo mesmo, fiz yoga, viagens, inventei novos hobbys e nada me ajudou.
    Os remédios aumentaram e hoje eu falo com a maior sinceridade do meu coração, o que me ajudou, ajuda e me tirou da estatísticas de tentativa de suicídio foi o canabidiol, mas veja bem, isso funcionou comigo. Enfim... excelente postagem.

    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  10. Oi, Nina! Gostei muito da sua postagem, é uma ótima ajuda não apenas para as pessoas que sofrem de ansiedade, mas também para que algumas se sensibilizem e as ajudem. Bjss!

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  11. Oi.
    Acho que todo mundo deve já ter sofrido por causa da ansiedade, eu sofro com a ansiedade principalmente quando alto tão esperado está prestes a acontecer.
    Adorei suas dicas, e amei uma em especial, ouvir a música: Ouvir Spiegel I'm Spiegel - já vou ouvir hoje ainda por conta da curiosidade gigante.

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  12. Olá, tudo bem? Gente que post mais BACANA que já vi. Não sofro de transtorno de ansiedade ou pânica, mas sei como isso é angustiante ou sufocante, pois acabo tempo muitos episódios de ansiedade "comum". De fato o que você colocou, em que o que funciona para você não pode funcionar com outros é bem relevante, mas mostra que vocês não estão sozinhos. Essa da respiração acho que é uma das melhores porque é quase universal quando se tem um acesso desses. Ótima, ÓTIMA iniciativa em por isso tudo para fora e em palavras! Torço para cada vez mais esse episódios sejam raros.
    Beijos,
    diariasleituras.blogspot.com.br

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