Antologia poética de Florbela Espanca: a repetição de sentimentos
Desde 2015 eu tenho gostado cada vez mais de poesia e por causa disso escolhi ler a antologia da Florbela Espanca para a meta do Leia Mulheres de 2018. Ela é um nome feminino muito bem quisto entre autoras e leitoras, então pensei por que não?
Infelizmente, eu deveria ter ignorado a pergunta.
Editora: Martin Claret
Páginas: 298
Ano: 2015
★★★
Contextualizar quem foi e em que época Florbela viveu ajuda no entendimento dos poemas, por isso farei isso aqui no começo. Eu escrevi brevemente sobre ela nesse post, mas existe muito mais sobre ela. Florbela nasceu em Portugal, no final de 1800, quando o país ainda era monárquico. Apesar de muita gente acreditar que as mulheres pouco escreviam nessa época, a produção de Florbela acontecia, muitas vezes, associada à marginalidade - identidade que ela carregou também em sua vida pessoal. A autora oportunizou muitas quebras de padrão literário - como o fato de a literatura ser algo masculino -, tanto quanto no entendimento da exposição de uma mulher - afinal, como assim as mulheres estavam escrevendo sobre suas vidas?
Nessa antologia lemos mais de duzentos e cinquenta poemas, todos no estilo de soneto. Sua produção literária se deu no início de 1990 e temáticas como amor e solidão são as que mais aparecem. Mas o patriotismo e poemas mais 'feministas' também são encontrados, mas bem menos. O livro é dividido em seis partes, cada um com o título de uma antologia da autora: Livro de mágoas (1919), Livro de sóror saudade (1923), Charneca em flor (1931), Reliquiae (1931; contém poemas póstumos), Trocando olhares (1915-1917) e O livro dele (1915-1917).
De forma geral, eu não gostei da poesia da Florbela. Facilmente o leitor encontra palavras se repetindo o tempo todo, assim como ideias - especialmente as ligadas ao amor romântico. Achei a leitura muito maçante, porque parece que ela anda em círculos, sempre falando dos mesmos assuntos e da mesma forma, ainda que escolhendo palavras diferentes. O fato de a maioria de sua produção ser a partir de sonetos também é algo que vai cansando, porque o ritmo se repete o tempo inteiro.
Infelizmente, eu li a maior parte da antologia me obrigando a terminá-la. E acho que isso aconteceu por eu ter lido essa obra neste século. É dito na introdução, que apresenta a autora aos leitores, algo muito importante:
De resto, Florbela era mesmo marginal - porque era mulher e as mulheres não adentraram o espaço restrito aos homens da Geração de Orpheu e também porque, movida por circunstâncias de sua vida pessoal, esteve quase sempre confinada a meios provincianos (p. 8).
Dessa forma, é previsível que sejamos apresentados a um universo feminino inusitado para aquela época: não à uma mulher que escreve sobre seus bordados ou vestidos, mas uma que enaltece seus amores, que demarca sua alma sombria e que não esconde sentimentos inesperados. Apesar disso, tudo o que Florbela escreve vai se tornando algo que já lemos antes.
Mesmo assim, a leitura não é difícil, ainda que algumas palavras sejam exclusivas do português de Portugal e estejam em desuso. Na verdade, esse vocabulário diferente é um ponto muito bom. Diversas vezes eu fui atrás dos significados de palavras que não conhecia, então, acredito que a riqueza textual da Florbela é algo muito positivo. Além disso, é muito interessante acompanhar as rimas dos sonetos, ainda que tenham me cansado.
Ainda que eu não tenha tido uma experiência muito boa com os poemas da autora, recomendo a leitura, porque é uma forma de conhecer o mundo de uma forma diferente de autores como Fernando Pessoa e Eça de Queiróz (dois portugueses contemporâneos de Florbela).
~
Love, Nina :)
Oi, Nina!
ResponderExcluirAcho que você foi a primeira pessoa que não gostou muito de Floberca Espanca. Até agora, li apenas alguns poemas dela, não sua obra inteira, mas tenho muita curiosidade. Sua opinião diferenciada me deixou ainda mais instigada.
Bjs
Olá Nina
ResponderExcluirQue pena você não ter gostado da Floberca Espanca, nunca li nada dela mas só escuto coisas boas sobre sua escrita. Talvez um dia eu consiga dar uma chance para ela.
Beijos
Acho o projeto Leia mais mulheres sensacional porque acaba nos colocando mais próximas a leituras femininas que são realmente necessárias nos dias de hoje, eu nunca li nada de Florbela entao essa é a primeira resenha sobre ela que leio, vou levar seus pontos em consideração e quem sabe tentar alguma obra dela, mas ciente já.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirPoesia não é muito meu estilo de leitura, mas é uma pena quando nos propomos a conhecer mais de alguns autores e acabamos nos decepcionando.
Mesmo assim gostei de conhecer das suas impressão com esse trabalho.
Beijos!
Camila de Moraes
Olá, tudo bem Nina?
ResponderExcluirEu nunca li "Florbela Espanca", já li resenhas positivas e negativas, uma pena que você não tenha curtido o livro, mas isso acontece. Gostei das suas impressões e sinceridade!
Abraço!
Uma pena que não tenha gostado da leitura. Acredito que tenha sido bem pesado de ler - no sentido de não prazeroso. A diferença de época dá uma quebrada mesmo na apreciação. Ainda pior quando os temas se repetem por tantos poemas.
ResponderExcluirParticularmente não sou fã de poesias - não consigo apreciá-las. Não faz meu estilo.
Beijos,
www.degradeinvisivel.com.br
Olá tudo bem? Eu não gosto de poesia, e não tenho interesse em le-lo gostei da resenha. Mais eu passo essa dica
ResponderExcluirOi Nina!!
ResponderExcluirBem, pode acontecer com qualquer um, né? hahaha a decepção vem de lugares que menos esperamos
Na verdade, nem gosto de poesia, então sua resenha me deixou um pouco cansada. Não pela sua escrita (até pq você escreve super bem). Mas porque poesia nunca me atraiu e qualquer coisa relacionada me cansa haha.
Mas também tenho essa de não conseguir abandonar uma obra. O que eu começo, termino ^^
Bjs,
Abby
Blog Linhas Tortas
Oii!
ResponderExcluirPOxa, que pena que não teve uma boa experiencia com a obra, eu não conhecia o livri e até falei em um outro blog que mesmo não fazendo leituras tão frequentes, gosto bastante de ler poemas e poesias. Gostei da sua resenha e da sinceridade ao falar onde a obra não funcionou!
Beinjinhos,
Acho legal o fato de você está se envolvendo em poesias, uma pena que desta vez o livro não tenha te agradado.
ResponderExcluirBjs Rose
Olá, eu já li alguns poemas da autora. Uma pena que a leitura tenha se tornado cansativa, é um risco com livros longos de poesia.
ResponderExcluirPoxa é a primeira resenha que encontro com esse ponto de vista. Nunca li nada da autora, mas gostei do seu ponto de vista e sinceridade. Ainda sim pretendo da uma chance futuramente <3
ResponderExcluirBeijos
Sai da Minha Lente
Olá Nina,
ResponderExcluirEstou fugindo desse tipo de livro. Eu curto muito contos e antologias, mas essas obras que lemos como se fôssemos obrigados a terminar o livro eu não me sinto mais bem fazendo não. Achei legal, entretanto, você ter achado a leitura não tão difícil, mas essa dica não é, definitivamente, para mim.
Beijos
Tenho a antologia poética da autora há alguns anos e já li zilhões de vezes, é necessário, para adentrar nesse mundo poético e desvelar, em certos momentos, bagagem de vida, experiência, só assim vamos dançando conforme a música, ou, neste caso, a poesia.
ResponderExcluirOiee que pena que você não curtiu a resenha, eu gosto muito dos textos da Florbela, acredito que apreciaria mais a obra do que você. Ainda não tive a chance de a ler, mas pretendo.
ResponderExcluirBeijoos