Projeto Cartas: uma carta para mulheres que me inspiram

março 16, 2018
Oi, vocĂȘ, tudo bem?

Existem muitos nomes que aprendi ao longo da vida. Na escola foram quase todos masculinos. As mulheres, historicamente apagadas, me vieram no perĂ­odo em que queria descobrir o mundo a partir daquilo que eu acreditava. Mas, dentro do meu cĂ­rculo familiar, jĂĄ habitavam mulheres que, atĂ© hoje, descubro - minha mĂŁe e minha avĂł. Eu e minha avĂł poderĂ­amos ser uma sucessĂŁo uma da outra em vĂĄrios aspectos, enquanto minha mĂŁe Ă© o inverso de nĂłs. NĂŁo nos entendemos direito, mas nos entendemos o suficiente. 

É claro que, para eu e todas nĂłs estarmos aqui agora, houve outras mulheres - bem antes da militĂąncia, da literatura feminista e do primeiro direito ao voto feminino. Parece Ăłbvio dizer que uma existĂȘncia nunca Ă© Ășnica, pois, antes dela, tiveram precedentes. A liberdade - nunca tida como absoluta - Ă© um processo. Antes de mim, estĂĄ minha mĂŁe. A violĂȘncia pela qual passo todos os dias por ser mulher nĂŁo Ă© a mesma que ela passou. Antes de minha mĂŁe, estĂĄ minha avĂł. A violĂȘncia tambĂ©m nunca serĂĄ a mesma. 

Existir mulher Ă© lembrar que haverĂĄ violĂȘncia e que a liberdade nunca acontece sem isso. Para cada liberdade e para cada direito acontecerem opressĂ”es. E se inspirar em uma mulher Ă© recordar disso tudo, tambĂ©m - Ă© lembrar que vocĂȘ nĂŁo estĂĄ sozinha, que sua dor existe, que vocĂȘ pode ser ouvida.  

Ainda que cada experiĂȘncia seja Ășnica, existe um agradecimento silencioso. Eu existo porque muitas outras existiram antes de mim. Obrigada por sobreviverem atĂ© quando puderam.

Imagem: Brooke Shaden.

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O Projeto Cartas Ă© temĂĄtico e mensal.

Acompanhe também a Karol e o Igor, idealizadores do Projeto.

Love, Nina :)

8 comentĂĄrios:

  1. Nossa que lindo, as palavras, a forma como foi colocado, lindo mesmo, estå de parabéns pelo belíssimo trabalho.

    Beijos

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  2. OlĂĄ!
    Pois Ă©, antes de ontem foram elas, ontem foi eu e hoje Ă© minha filha e ao mesmo tempo somos todas nĂłs!
    A valorização, respeito à mulher socialmente falando ainda é um processo lento, quebrar os conceitos errados que todos fomos criados é como ressecar um tumor maligno que insiste em reincidir. Mas o importante é não desistir.
    Eu, quando mais jovem sofri muito por ter ideias diferentes das pessoas que convivia e por muito tempo fui julgada e ser eu na dĂ©cada de 80 nĂŁo foi fĂĄcil e por vĂĄrias vezes joguei a toalha, hoje quem me ajuda a desconstruir conceitos que ainda assim acabaram sendo impregnados em mim Ă© minha filha que enfrenta preconceitos ( e consequĂȘncias que vem com ele) com coragem e inteligĂȘncia por ser homossexual e que por tabela se estende atĂ© a mim e quero dizer que a pior violĂȘncia nem sempre Ă© fĂ­sica.
    Antes nĂŁo entendia minha mĂŁe, me revoltava a forma servil dela ao meu pai, meu irmĂŁo e quando meu pai morreu o ciclo recomeçou com meu padrasto, hoje jĂĄ a vejo com outros olhos e ela tambĂ©m me vĂȘ, ainda nĂŁo somos amigas mas algo mudou existe um respeito, cumplicidade velada de duas mulheres que evoluĂ­ram muito cada uma com sua realidade.
    Aff, acho que acabei desabafando um pouco rs
    Vou procurar acompanhar A Karol e Igor achei o projeto muito bacana, obrigada por isso.

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  3. Belas palavras, Nina! Acho que antes de agradecermos a pessoas que nunca conhecemos, devemos sempre o fazer aquelas que estĂŁo ao nosso lado, seja com os problemas que forem e, entre famĂ­lia, sabemos que isso sempre vai acontecer. Amei sua carta.
    Abraços

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  4. Oi Nina!
    Como sempre um momento de reflexão quando venho no seu blog. Que linda carta. Ser mulher não é fåcil nos dias de hoje, não foi fåcil para nossas mães e avós e certamente não serå para as geraçÔes futuras, principalmente com o andar da carruagem com tanta intolerùncia no mundo.
    Só torço para que saibamos ser pacientes, exigirmos respeito e darmos amor ao invés de retribuirmos sempre na mesma moeda.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  5. Um texto lindo, confesso que nunca fui muito de pensar no todo dentro deste tema, mas jå me peguei pensando no que minhas antepassadas passaram, não apenas por serem mulheres, mas por serem pobres, por serem negras e tantas outras coisas que dificultavam a sobrevivencia. Parabéns pelas palvras, são profundas e pelo visto bem sinceras.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  6. Oi Nina, eu jĂĄ sabia que vocĂȘ escrevia bem, mas este texto estĂĄ maravilhoso. Gostei de do estilo carta
    Bjs Rose

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  7. Oi, tudo bem?
    Adorei o texto, mesmo nĂŁo concordando com tudo que escreveu, mas opiniĂŁo Ă© pessoal e por isso cada um tem uma. Tenho acompanhado outros blogues que participam do projeto e estou achando incrĂ­vel. Cada pessoa tem uma sensibilidade diferente e Ășnica para expor o tema requerido. Muito bacana isso!
    http://colecionandoromances.blogspot.com.br/

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  8. Adorei a postagem! Parece que nossa luta como mulheres nunca vai ter fim, mas se a gente pensar no que as outras passaram, pelo menos dĂĄ pra dizer que melhorou... Enfim, muita luta e um passo de cada vez.

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OlĂĄ, obrigada pelo comentĂĄrio, mas, para evitar passar vergonha na internet, por favor, nĂŁo seja machista, LGBTQAfĂłbico(a), ou racista. O mundo agradece :)

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Editado por Alice Gonçalves . Tecnologia do Blogger.