Perigo: garotas unidas!: sororidade, diversidade e inclusão

A coletânea Perigo: garotas unidas! foi lançada em 31 de outubro de 2018, e eu a li durante janeiro, bem rapidinho. A vantagem de ser composta por contos é que você tem uma leitura diversa e rápida, perfeita para quando não tá com muito tempo.

Perigo: garotas unidas!, publicada pela Agência Página 7, fala sobre mulheres. Não significa que apenas mulheres possam lê-la, já que o feminismo é benéfico para todo mundo. Apesar de o mote não ser o feminismo, o leitor entende que os contos têm sororidade, uma das palavras essenciais do movimento. 

Decidi falar de cada um dos contos, já que são poucos, apenas quatro.

Título: Perigo: garotas unidas!

Autoras: Babi Dewet, Sofia Soter, Iris Figueiredo e Dayse Dantas

Editora: Agência Página 7

Páginas: 154

Ano: 2018

★★★★

O show secreto, por Babi Dewet

Uma banda formada apenas por garotas vai voltar à cidade natal para fazer um show secreto. Nesse meio tempo, elas precisam encontrar fantasias, já que o show será no dia 31 de outubro, e lidar com machismo e outras coisas. 

Eu amo histórias sobre música, mas não me senti muito conectada às personagens, talvez por serem muitas, não sei bem. Outra coisa que talvez tenha ajudado a não me conectar foi a escolha pela narração em terceira pessoa. De forma geral, é um conto que fala de maneira mais aberta sobre o machismo e o feminismo, mas algumas cenas me parecerem meio forçadas, como se fossem artificiais demais no contexto. No entanto, a história funciona, porque tem um tom jovial, remete às redes sociais e emprega muito bem o seu propósito em falar sobre amor próprio e autoconhecimento.

Festa infernal, por Sofia Soter

O título do conto me lembrou muito a coletânea Formaturas Infernais e, claro, Pretty Little Liars. Toda a história, na verdade, parece um reload de PLL, pois tem mortes e um grupo unido de garotas. 

Eu ainda não tinha lido nada literário da Sofia, então gostei muito da experiência. O que mais gostei foi o fato de ela inserir uma garota que ama outras garotas na história e fazer disso um mote muito louco e surtado. No entanto, eu me senti perdida diversas vezes durante a leitura, pois não fica claro, no início, sobre as mortes, além disso, o conto é toda hora interrompido por trechos de jornais e coisas afins no contexto no conto, o que torna a leitura picotada. Ainda assim, tem um tom muito bom e envolvente. 

Roda-gigante, por Iris Figueiredo

Esse foi o conto mais "normalzinho" da coletânea. É romântico e bonitinho e, por isso, se destoa um pouco dos outros. Temos nele uma garota que ainda está se descobrindo lésbica ou bissexual que volta a ver uma antiga paixão.

O que mais gostei foi da representatividade e da responsabilidade na hora de tratar sobre o assunto. A história é linda, delicada e muito respeitosa. 

As três druidas, por Dayse Dantas

Esse foi meu conto preferido, pois, apesar de trazer bruxas, acho que foi o mais criativo. Ele traz duas irmãs que contam de uma maneira confusa (eu realmente não entendi direito se elas estão gravando um vídeo ou quê, a narração é bem estranha), mas de forma de funciona, sobre como programaram sua festa de aniversário. 

O conto traz uma riqueza de detalhes e uma trama dignos de romance; eu realmente gostaria de uma história maior sobre essas personagens. É o conto mais diferente e mais envolvente, na minha opinião, ele te faz querer saber mais e mais sobre quem são as personagens e como a sociedade em que elas estão inseridas funciona. 

~

Se você ainda não leu a coletânea, sugiro que leia para perceber como a literatura nacional está crescendo sem diminuir ninguém, apostando na diversidade, na inclusão e na riqueza que existe no Brasil.

Quando se fala de literatura nacional, a gente tende a achar que é uma literatura reciclada (aliás, já li comentários assim), que copia tudo o que é de fora, mas Perigo: garotas unidas! nos dá exatamente o oposto. Apesar de haver storylines inspiradas, dá para perceber o quanto existe originalidade, cuidado e carinho nos textos.

E, com certeza, o que mais aprendi com essa coletânea é que ninguém está sozinha(o)!

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Love, Nina :)