Coisa mais linda: mulheres e liberdade

Coisa mais linda é a nova série da Netflix, uma produção brasileira que fala sobre quatro mulheres no final da década de 50 no Brasil. Dividida em sete episódios, o seriado se empenha em aprofundar as histórias de cada uma das quatro mulheres principais. 


Título: Coisa mais linda
Diretor geral: Caito Ortiz
Ano: 2019
Temporadas: 1
Onde assistir: Netflix
★★★★

Queria poder dizer que Coisa mais linda é cem por cento responsável, mas não posso. Apesar de focar bastante nas mulheres, ainda temos a maioria branca. As personagens negras muitas vezes estão como enfeite e plano do fundo. 

As mulheres principais são Maria Luiza (a protagonista), Adélia, Lidia e Tereza. 

Maria Luiza é bem nascida, tem uma vida estável, mas vai em busca do marido no Rio de Janeiro. É quando ela tem uma surpresa: Pedro, seu marido, foi embora com seu dinheiro. Malu tem uma atitude extrema, mas é ajudada com Adélia, uma mãe solo negra. É Adélia quem a ajuda, inicialmente, para que não desista de seu sonho: um bar com música ao vivo. Maria Luiza acredita na música e está aberta a outros tipos musicais. É no Rio que ela entra em contato com o samba e a bossa nova, a partir de Chico. 

Adélia carrega uma história de vida totalmente oposta à de Maria Luiza, pois, por ter uma realidade mais difícil, facilmente é explorada por seus patrões e precisa se empenhar mais para dar uma vida melhor à filhinha. Adélia logo se torna uma importante aliada para Maria Luiza, mas seus problemas pessoais, relacionados à paternidade da filha logo vêm à tona. 

Lidia é amiga de infância de Maria Luiza, há alguns flashbacks das duas ainda como colegiais. O maior sonho de Lidia é ser cantora, então sua história solo é relacionado à música e o fato de seu marido odiar a possibilidade de ela seguir carreira. Com isso, ele vai se tornando violento, pois Lidia, apesar de respeitar a opinião do marido, não consegue abrir mão do sonho. 

Tereza é casada com o irmão do esposo de Lidia, tem uma vida estável e carrega um segredo no casamento. Ela e ele são liberais e se relacionam com outras pessoas, homens e mulheres. É devido à essa conduta pouco conservadora que Tereza se envolve com a mais nova colega de trabalho, a Helô. Algo legal de mencionar sobre Tereza é que ela é editora em uma revista que é comandada majoritariamente por homens. Outra coisa é que seu marido é totalmente à favor de ela trabalhar fora, ao contrário de seu irmão. 

O que mais gostei sobre o seriado é que ele remonta muito bem à época retratada, tanto cultural quanto socialmente falando. A fotografia é muito bem aplicada, o que faz o espectador realmente entrar nos anos 50. O vestuário também é muito bem retratado, inclusive em relação às peças íntimas, uma vez que a liberdade sexual é bastante demonstrada no decorrer da narrativa. 

Até a metade do seriado, eu estava muito bem em relação aos discursos feministas, até que vi mulheres falando o contrário, o quanto isso soava muito forçado. Isso me lembrou quando eu li pela primeira vez "Milk and honey", da Rupi Kaur: o discurso feminista nos versos da autora também podem soar como forçados por ser algo tão óbvio. Então, eu não achei que o discurso feminista da série soou deslocado, uma vez que continuamos sedentas de produções feministas, até porque a quarta onda do feminismo (que é a que estamos vivendo) ainda luta por direitos e liberdades antigos. Então, eu achei muito importante o que foi dito sobre a liberdade feminina, que era vista como algo que o homem (marido) não conseguiu "dominar". 

O fato de Lidia querer ser cantora, por exemplo, fala bastante sobre essa liberdade negada à mulheres, assim como o fato de Maria Luiza quase perder a guarda do filho por estar seguindo seu sonho. 

Acima de tudo, Coisa mais linda fala de sonhos, de ir atrás do que se quer, ao invés de ficar escutando as pessoas ao redor, especialmente se essas pessoas forem homens. É fácil ficar indignada com as situações abordadas como violência doméstica, pensamentos machistas proferidos por outras mulheres e heterossexualidade tóxica. 

Apesar de todos os pontos positivos, eu achei que a questão racial soou rasa e pouco aparente. Existem algumas cenas que falam de racismo, mas apenas parece uma pincelada boba, que muitas vezes soa forçada. Cenas sobre o samba, por exemplo, denotam um exotismo muito racista. 

De forma geral, Coisa mais linda vale a pena por tratar de um assunto ainda atual e que ainda precisa de muita atenção e representatividade.





 ~




Love, Nina :)

14 comentários:

  1. Eu comecei a ver essa série, vi só o primeiro pra sentir como é porque eu vi uma chamada maravilhosa dessa série no facebook.
    Cara, só o primeiro episódio já é maravilhoso! Eu vou terminar de ver a série que eu tô assistindo e assistir essa, tô vendo muita gente falar bem.
    Adorei seus comentários! <3

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  2. Olá!
    Eu vi que estreou no catálogo da Netflix mas ainda não tive tempo de parar pra assistir.
    Pretendo assistir em breve. Gostei de saber mais como o seriado se desdobra, sobre a época e a vida das amigas.
    Legal saber que se mostrou um entretenimento onde traz um pouco mais de esclarecimentos sobre pontos importantes para nós mulheres e que merecem ser destacados.

    Camila de Moraes

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  3. Adoro séries que retratam alguma época e fiquei curiosa para conhecer esse discurso feminista que ela traz, então é uma pena que a questão racial tenha ficado em segundo plano, mas quero conferir e vou anotar essa sugestão.

    Abraços, Nina.

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  4. Olá, tudo bem? Vi falarem bastante sobre essa série nos últimos dias, mas não tive a oportunidade de assisti-la ainda. Parece ser uma série bem bacana e que traz mensagens importantes. Adorei a dica!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  5. Está todo mundo falando super bem desse projeto! Fiquei até curiosa para saber como é a trama. A fotografia é fantástica, e eu adoro a década de 50!! Bom, para variar eu ainda não tive tempo de me dedicar a assistir. Mas, uma hora vai!
    Parabéns pelo post. Beijo

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  6. Quando vi o titulo do post já fiquei apreensiva, Nina hahah pra ser sincera, essa série não me agradou, principalmente pela questão racial, tive a impressão que colocaram isso como pauta só pra cumprir tabela e nada mais, o que é algo extremamente triste, ainda assim, a parte da produção é bem feita.

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  7. Olá!
    Assisti ao trailer da série lá na Netflix mesmo e não me chamou atenção. Apesar dos temas muito importantes que ela parece tratar, pelo o que disse, eu confesso que ainda sou mais adepta a séries menos reais (fantasia). Algumas vezes saio da caixinha e me aventuro em outros temas, mas este não é o meu momento atualmente. Minha mãe, porém, assistiu assim que lançou e adorou!
    Ótimos pontos, tenho certeza que muitas pessoas vão ficar bem mais curiosas para poder assistir. Abraços

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  8. Que ótima dica, Nina!
    Eu ainda não conhecia essa série e fiquei curiosa, parece ser muito boa. Engraçado que se eu tivesse visto no catálogo não teria me interessado, mas vendo o seu post falando sobre ela eu fiquei com vontade de ver também.

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  9. Oi, tudo bem?
    Eu ainda não assisti essa série, mas estou muito curiosa. Achei a premissa muito interessante, ainda mais por abordar o feminismo e mostrar questões que são tão importantes até nos dias de hoje. Só achei uma pena que tenha faltado representatividade e que o racismo não tenha sido abordado de maneira mais profunda.
    De qualquer forma, adorei conhecer a sua opinião e espero assistir em breve para ver o que acho.
    Beijos!

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  10. eu comecei a ver coisa mais linda... estou adorando cada capítulo, realmente é uma série muito linda
    acho que o feminismo deve ser falado todo dia, toda hora em todos os lugares e nunca jamais deve ser esquecido
    é importante demais e essa série só reforça o nosso ponto de vista

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  11. Eu assisti poucos capítulos até agora, mas o pouco que vi tem sido muito bacana. É uma delicia de acompanhar, espero terminar de ver o quanto antes ♥️♥️♥️

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  12. Ola!!

    Eu vi o lançamento desse seriado e confesso que estou bem curiosa para assistir pois eu gosto bastante das atrizes que o compõe.

    beijos

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  13. Oi, Nina. eu vi essa série e ela é extraordinariamente boa e bem contextualizada, palmas para interpretação de Mel Lisboa. Infelizmente, minha crítica é para a atriz que faz o papel de Maria Luiza, eu acho que temos excelentes atrizes que fariam melhor. Ela fez uma outra série na GNT, Lili, a Ex, e ainda não saiu do personagem e isso para mim foi um problema porque muitas atrizes são escolhidas por beleza e não pelo currículo e eficiência no trabalho. Sobre a questão racial, também concordo com você.

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  14. quando vi aquele trechinho que circulou nas redes eu tive certeza que essa série é pra mim, eu adoro esse tipo de série e acho que ela foi lançada na época certa.

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Olá, obrigada pelo comentário, mas, para evitar passar vergonha na internet, por favor, não seja machista, LGBTQAfóbico(a), ou racista. O mundo agradece :)

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Editado por Alice Gonçalves . Tecnologia do Blogger.