Essential book: maio

Chegou mais um essential book, eba! Fotografia é algo que gosto bastante (apesar de não pensar em me profissionalizar nisso) e mesmo que o tema do mês não seja alegre, fotografá-lo sempre exerce a minha felicidade e minha criatividade. Por mais horrível que esse semestre esteja, por causa da faculdade, o essential book sempre me faz lembrar que viver ainda é bom. 

O tema de maio é a essência da negatividade. Por negatividade, eu penso em muitas vertentes, não somente aquelas ligadas estritamente ao que sentimos, mas também aquelas que já estão espalhadas no livro em questão. E foi por isso que o primeiro livro que me apareceu na mente foi A redoma de vidro (resenha aqui). Apesar de Cartas de amor aos mortos (Ava Dellaira) também ter disputado o posto, percebi que minha mente estava bem mais inclinada a imaginar cenas a serem fotografar de o primeiro. 

A redoma de vidro, da Sylvia Plath, não é um livro bonito. Existe sofrimento, angústia e desumanidades nele. Ou seja, ele é um constante sentimento negativo. Apesar de a protagonista, Esther, no início não apresentar sintomas óbvios da depressão, a tensão emocional é grande. Esther está sempre à espera de uma reviravolta, de algo que mude sua concepção de mundo - que a faça encontrar beleza no mundo. 

O romance não é totalmente ficional, pois conta bastante dos sentimentos conflituosos da própria autora, a Silvia Plath. Não à toa, seu fim foi trágico: suicídio, em 1963. Como eu disse na resenha, foi muito fácil transpor a Esther (personagem) para a Sylvia. A certo ponto, me foi impossível distinguir quem era Esther e quem era Sylvia. 

A depressão pode ser, metaforicamente, traduzida neste quote. Ela altera todas as percepções da realidade e as transformam em sentimentos fracassados, negativos e impotentes. Estar viva, durante uma depressão, é um peso - e o sentimento de vazio é longo, parecendo eterno. 

Andando por aí com a minha nuvem negra pairando sobre a minha cabeça 
e ela nunca vai descer 
para onde eu vou?
Hard Times, Paramore

Outra metáfora bastante real: a depressão nos limita, porque todas as coisas negativas se sobressaem e nos impedem de observar as nuvem brancas e fofinhas. Nós nunca sabemos para onde vamos, porque a perspectiva de futuro não existe. O único futuro que passa na nossa mente é um futuro sem nós - porque o sentimento de fracasso é sempre maior do que tudo e nos convence de que o mundo será um lugar melhor se, simplesmente, desaparecermos. 


Minha amiguinha Tristeza está aqui de novo para demonstrar o vazio da depressão. Como eu disse no essential book anterior, tristeza não é a mesma coisa que depressão, mas ela é a única personagem que tenho próxima de algo melancólico e distante da felicidade. Na depressão, apenas sobra a gente e nossos medos, que se transformam em arranha-céus intransponíveis. Nós apenas conseguimos enxergar as sombras do fracasso e do sentimento de inutilidade. Todo o resto é um grande vazio: não causa nada, só está ali, mas não o sentimos de verdade.


Para finalizar, é bom lembrar que quem é neuro-atípico sempre tem que conviver com seus transtornos. Não é algo que some apenas porque temos a terapia ou a psicoterapia de aliadas. Ter um transtorno é saber que existirão dias incríveis, bons, ruins e horríveis. Ter depressão é sempre saber que recaídas existem. E que não, não dá para prevê-las. 

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I. O tema de abril foi 
a essência da esperança
e você pode conferi-lo AQUI.

II. Não deixe de conferir as fotografias das outras participantes: 


Love, Nina :)

6 comentários:

  1. Olá, que interessante esse projeto. Eu ainda não li o livro A redoma de vidro, da Sylvia Plath, mas já li alguns livros sobre a depressão ou com personagens que convivem com essa negatividade. Achei interessante como você combinou as imagens com as palavras.

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  2. Não li este livro ainda, mas o assunto depressão deve mexer com o leitor. Cartas de amor aos mortos eu já li e gostei, mas não sei porque acho que a sua opção de escolha foi melhor.
    Bjs Rose

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  3. Tenho muito vontade de ler Redoma de Vidro, mas acho que ainda não é o momento, pois sei o quanto o ele pode remexer em sentimentos obscuros que tenho guardados dentro de mim.
    Preciso dizer novamente que acho esse projeto incrível. Muito, muito criativo.

    Beijos

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  4. Nossa, que post bem escrito e pensado. Deu gosto de ler! Que projeto ótimo também. E eu não conhecia esse livro ainda... nem tenho certeza que quero.
    Todas as fotos são suas? Essa foto do funko pop da tristeza... nossa, que visão ótima você deu a ela. Uma personagem fofa nessa posição, sem nada ao redor... combinou perfeitamente com o texto. Parabéns.

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  5. Olá, adorei conhecer o projeto, parabéns!

    Não conhecia a obra escolhida para o mês.

    Adorei.

    Abraços

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  6. Oi!
    Eu sou louca pra participar de um projeto assim, gosto bastante de fotografia e quero muito fazer um curso para aprender mais, compor fotos, essas coisas.
    Adorei o post!

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