Projeto Cartas: uma carta sobre 2018

Oi, você, tudo bem? 

2018 foi sobre como consegui sobreviver não sabendo o que viria depois. Eu estive no escuro, eu me sentia no meio do nada, no meio de um buraco negro: a luz nem entra nem sai. E isso me permitiu perceber que eu sou a luz. Como uma lamparina no meio de um inverno. 

Eu me tornei uma lamparina pequena. Às vezes, a luz pôde se tornar maior, conforme o tempo mudava e melhorava. Tive setembro e outubro: os meses da supergigante vermelha. Outros meses foram Europa. Outros, ainda, Netuno. Eu me tornei uma galáxia muito maior do que imaginava que seria. Eu me tornei uma multidão de planetas, estrelas e meteoros. 

Levei muito tempo para entender que não são os anos que melhoram, mas nós mesmos. Ainda tenho o meu processo, ainda tenho a minha evolução, mas ainda não tenho o tempo. O tempo me tem. 

2018 foi um cosmos de mim. Eu comecei poeira. Virei estrela. Continuo estrela onde quer que vá. Entendi que a minha lamparina sobrevive até às tempestades solares. Entendi que eu continuo crescendo, porque cada evolução tem o seu tempo. Meu lugar vazio continua querendo coletar as melhores coisas, querendo ser eu cada vez mais. 

2018 foi um ano de mudanças e de saber como fazer a minha luz se adaptar a todos os ambientes. Eu pude me pertencer mais, também. Quando escrevi a carta de amor a si mesma, eu não sabia que estava pronta para entender que existe amor o bastante. Existe amor que transborda. Existe amor que já virou coisa minha. Pertencer a si mesma é fácil-difícil-fácil. E é um processo todo meu. Posso seguir as lamparinas dos outros, mas preciso lembrar que eu tenho a minha própria. É hora de trocar os elementos essenciais para tornar a chama ainda melhor e poder me iluminar cada vez mais e enxergar mais eu mesma.

Olhar para si mesma, perceber que somos um corpo e que ele não é tudo o que somos, é como enxergar a luz bem lá longe. Quanto mais chegamos perto, mais a vemos, mais ela nos ilumina. Olhar é lembrar que estamos aqui. Que os detalhes são nossos, que tudo bem não amá-los, mas tudo bem respeitar o espaço entre o admirar e o desgostar. A gente não tem que se aproximar se não quiser. A luz continua lá, a escolha é todinha nossa. E tudo bem não querer ir. Tudo bem lembrar que o corpo é  apenas uma parte do amor. 

2018 foi a minha parte da escolha. 2018 foi a minha parte da consequência.

E eu não escolheria outras partes. 

Essas partes, cada pedacinho delas, são todas minhas. Eu aceitei esse amor. 

Obrigada pelo amor, 2018. Eu também te amei, apesar de tudo. 

Imagem: Brooke Shaden.

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Love, Nina :)