Sex education: adolescência, diversidade e dilemas

abril 13, 2019
Séries dentro do universo jovem sempre me interessam e sempre me convencem, então não foi difícil de eu amar Sex education por muitos motivos. Num mundo onde os dilemas adolescentes são tão ignorados ou tomados como "exagero", acho fundamental que exista uma cultura jovem que possa ser ouvida e valorizada. Essa série fez isso e muito mais, por isso mexeu tanto comigo.


Título: Sex education
Criadora: Laurie Nunn
Ano: 2019
Temporadas: 1 (renovada para a segunda)
Onde assistir: Netflix
★★★★★ +

O seriado traz Otis, um adolescente que se sente deslocado por ter "problemas" sexuais e que cuja mãe lhe parece um grande transtorno, já que é terapeuta sexual, e ele tenta esconder isso de todo mundo por ter vergonha. Por conviver muito com os assuntos que a mãe trabalha, ele inicia uma clínica sexual na escola com uma colega, a Maeve. 

Acontece que as coisas não são simples, porque Otis está lidando com pessoas inseguras e que acham que um status sexual é muito importante. Como todos estão enfrentando questões pessoais, questões de aceitação e de questões sentimentais, tudo acaba se tornando uma bola de neve, mas é muito legal ver como ele trata todos os problemas dos colegas com sensibilidade e empatia. Os conselhos dele combinam muito com uma sociedade diversa e que precisa urgentemente quebrar padrões preconceituosos e opressores. 

Eu gosto demais de conteúdos juvenis, porque eles tendem a ser muito mais ricos e sem pudores. No caso de Sex education, o espectador se vê facilmente adentrado na atmosfera adolescente, mas não boba e vazia, como muita gente pode pensar. Apesar de ser uma série que trata sobre sexo, ela o faz de maneira aberta e até mesmo meio educativa em certas ocasiões. Ela fala de direitos, de querer desesperadamente se encaixar, de autoestima e de a aceitação do outro.

O Otis pode muito bem representar uma não masculinidade tóxica, o que me deixou muito feliz. Ele não é um garoto que não sabe das consequências que fala para os colegas, pelo contrário; Otis é superconsciente e sempre busca quebrar padrões heterotóxicos. Esse jeito dele mais sensível e mais consciente fez com que eu gostasse muito dele. Não que ele seja perfeito, mas é uma personagem cujas nuances dão certo alívio por não reproduzirem mais do mesmo. 

Mas minha personagem preferida, com certeza, é o melhor amigo de Otis, o Eric. Ele dá um show de muitas formas por ser gay e por não esconder isso. Diria que a série vale por causa dele, pois é uma personagem que trouxe aceitação, cenas tristes e reais, já que o mundo real não perdoa quem é diferente. E o Eric sabe se sentir bem consigo mesmo. Diversas vezes ele e sua relação com o pai, que é alguém que apoia o filho (mas que tem medo do que o mundo lá fora pode fazer com ele), roubaram a cena. 

É muito sensível e muito certeira a maneira como a mecânica familiar é trabalhada em no seriado. Com diálogos muito bons, mãe/pai e filho/filha conseguem exprimir diferentes tipos de relações e diferentes tipos de amor. O contrário também acontece: a falta de apoio familiar. 

Maeve é uma personagem tida como "rebelde", mas que esconde uma ótima literata, e, por viver sozinha em um trailer, muitas vezes se vê desamparada. E é muito lindinho ver como a relação dela com Otis acaba sendo importante para que ela construa uma base muito mais sólida sobre si mesma. De certa forma, ela é uma manic pixie dream girl, aquela garota dos sonhos e inalcançável, mas as nuances que ela traz a faz ser uma personagem mais complexa. 

O plot romântico me pegou bastante, porque eu sou a louca dos ships e foi impossível não torcer. Adorei como a relação da Maeve e do Otis foi construída, cheia de acertos e erros, como acontece na vida real. 

Sex education fala também de aborto, machismo, homossexualidade, amizades e vida online. Dá muito destaque às mulheres e às pessoas negras. É muito importante ver, por exemplo, que o nadador mais exemplar da escola é um negro que tem duas mães. As minorias (mulheres cis, mulheres lésbicas, mulheres negras, homens negros e homens gays) não estão de enfeite, como muito acontece por aí. Todas elas, especialmente as principais e as secundárias, têm uma história e têm conteúdos facilmente relacionáveis e empáticos. Acho que a diversidade e a representatividade como devem ser são, provavelmente, a maior "bandeira" da série. É muito lindo assistir a uma série que se parece com o mundo real, só pra variar. 

Com apenas oito episódios, o seriado conseguiu expôr uma pluralidade de questões juvenis com responsabilidade, sem superficialidade e com muita empatia. Para quem gosta de conteúdos jovens, esse seriado conseguiu reunir o maior número de debates desde Skins (haha). Aliás, eu não via uma série adolescente tão boa desde Skins (2007), realmente. 

Sex education conseguiu ganhar o meu coração sem muito esforço e, quando terminei, já queria maratonar tudo de novo de tão boa e convincente. O roteiro soube muito bem como trazer à tona o mundo jovem com respeito e sensibilidade. 

E fica a dica de que a trilha sonora é maravilhosa! Ela remete muito aos anos 80 e 90, o que faz com que o seriado seja meio atemporal. 

Vou me machucar de qualquer jeito. Não é melhor eu ser quem eu sou?



Love, Nina :)

8 comentários:

  1. Olá,
    Claro que já ouvi falar da série e gosto deste assunto ser tratado para adolescentes. Porém a série não é pra mim, já que raramente vejo séries com temas adolescentes assim, mas o conceito é realmente interessante.

    Debyh
    Eu Insisto

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  2. Oi Nina
    Eu amei essa série e, assim como você, quis maratonar novamente assim que acabei. Estou muito ansiosa para a segunda temporada.

    Vidas em Preto e Branco

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  3. Oi, tudo bem?
    Eu nunca fui muito de assistir séries, porém, essa tem despertado minha curiosidade. Vejo muitas pessoas elogiando e pelos temas que aborda também. Eu adoro filmes, séries e livros que falem sobre a adolescência, mas abordando questões importantes que os jovens enfrentam. Muitas pessoas menosprezam produções que falam sobre a adolescência, porém, eu acho que elas são uma forma de abordar questões importantes e até mesmo conscientizar.
    Adorei o post e seus comentários me deixaram ainda mais curiosa para assistir.
    Beijos!

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  4. Eu gostei tanto dessa série que assisti duas vezes.
    Enquanto assistia fiquei pensando em como a minha adolescência teria sido tão melhor se tivesse um material nesse formato para assistir, sabe? Amei a forma que eles abordaram esses assuntos tão necessários <3

    Sai da Minha Lente

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  5. Oii, tudo bem?

    Vi muitas pessoas comentando sobre a série e elogiando, mas ainda não tinha procurado saber mais sobre. Não imaginava que a série tratasse sobre temas como aceitação, autoestima, machismo e tudo o mais.
    Eu confesso que realmente não daria muito pela série, mas depois da sua resenha eu vou começar a vê-la imediatamente.

    Obrigada por compartilhar!!
    Beijinhos!!

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  6. Oiii Nina

    São tão poucos episódios e a série já aborda de maneira limpa, clara e grandiosa tantos temas atuais, sérios, sob uma anrrativa que prende a gente. É uma série ótima mesmo, eu me surpreendi bastante com ela.

    Beijos, Alice

    www.derepentenoultimolivro.com

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  7. Olá!! :)

    Eu confesso que ja ouvi falar varias vezes desta serie, mas nunca tive particular interesse em assistir!

    Enfim, que bom que gostaste! E que a serie se centra em minorias, e lhes da um significado, levantando questoes sociais importantes!

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

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  8. Essa série também ganhou meu coração e eu adora a forma que a série tratou de assuntos importantes na adolescência. Estou ansiosa pela segunda temporada.
    beijos

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Editado por Alice Gonçalves . Tecnologia do Blogger.