Mesmo que eu vá embora: o clichê entre duas meninas importa
Como eu trabalho com revisão, eu tive o prazer e a alegria de revisar o conto Mesmo que eu vá embora, da Lethycia Dias, e o ler antes de todos. O que eu li foi muito fofo e válido e mais ainda: importante.
Título: Mesmo que eu vá embora
Autora: Lethycia Dias
Publicado em: Amazon
Páginas: 26
Ano: 2019
Num mundo em que a gente vê demonstrações de amor heteroafetivas serem a "norma", é comum pessoas LGBTQIA se verem apagadas ou não merecedoras de histórias de amor épicas. Com Mesmo que eu vá embora, a autora conseguiu mesclar seriedade com aquele clichê que a gente ama.
Camila é uma garota que está numa cidade nova para um evento acadêmico, mas ela tem companhia: a desinibida Helena, que mora na cidade. As duas já conversaram muito tempo virtualmente, agora é a hora de validar essa relação no mundo real.
É muito fofo e engraçadinho como elas fazem passeios culturais pela cidade. Como Camila está ávida por conhecer a cidade, elas saem em busca de programas simples para passarem o tempo juntas.
Além do protagonismo lésbico/bi, temos também o protagonismo negro, já que Helena é uma menina negra. Se eu já não estivesse satisfeita com a parte romântica, a parte étnica me foi fundamental para gostar de vez da história. Tenho aprendido cada vez mais gostar de narrativas nas quais pessoas reais poderiam fazer parte dela, não somente a minoria branca-hétera-padrãozinho. É muito bom que a autora traga um casal inter-racial, ainda mais protagonizado por duas mulheres.
O leitor vê duas meninas maduras para lidar com seus sentimentos, mesmo que Camila esteja um pouco assustada com a verdade de amar romanticamente a amiga. Mesmo que eu vá embora é real, atual, divertido e delicioso. Pra quem gosta de passeios românticos culturais, vai amar os ambientes desse conto.
Parece acontecer uma tempestade dentro de mim, com vento, raios e trovões. É melhor do que eu imaginei. A mistura de ansiedade e medo se transforma numa alegria enorme, porque nada parece mais certo do que isso.
Você pode adquirir o conto AQUI na pré-venda até o dia 28/08.
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BÔNUS: entrevista com a autora
1. Por que falar sobre representatividade ainda é tão importante?
Representatividade é importante, em primeiro lugar, porque o mundo é diverso, e as pessoas também. Não faz sentido escrever apenas um "tipo" de personagem, com apenas uma cor, etnia, classe social, nacionalidade, religião, identidade de gênero, sexualidade, condição física ou quaisquer outras particularidades que podem fazer parte da vida de alguém. Há pessoas que nunca tiveram a chance de se identificar com um personagem, porque nunca encontraram histórias feitas para elas. Para pessoas que cresceram se sentindo sozinhas e acreditando que precisavam se esconder, como as vezes é o caso de pessoas LGBTQIA+, uma história de amor com final feliz significa muito e está longe de ser um clichê.
2. Quais foram as suas inspirações para escrever "Mesmo que eu vá embora" (além da Taylor Swift hahaha)?
Como sou uma internauta bem ativa, fiz muitas amizades via internet, e só em um dos casos tive a chance de ver e conversar com a pessoa face a face. Numa noite, fiquei imaginando como acontece para quem se apaixona por alguém que só conhece pela internet. A partir daí, comecei a imaginar outros fatores que "complicassem" a situação. E se nenhuma das duas pessoas nunca tivesse falado sobre um possível envolvimento romântico? E se elas se encontrassem, mas o tempo para se acertarem fosse curto? A partir daí, eu já tinha imaginado o básico da história.
Por mais que pareça, não me inspirei na Taylor Swift, e a citação da música dela aconteceu por coincidência. Escrevi o conto ouvindo uma playlist de músicas dela, e por acaso, "This Love" estava tocando bem na hora que eu pensei em citar uma canção romântica, qualquer uma. Eu li uma tradução da letra e vi que se encaixava de forma perfeita, então mesmo checando as letras de outras músicas que pensei na hora, achei que nenhuma ficava tão bem.
3. Quais músicas não poderiam faltam na sua playlist e que Camila e Helena com certeza ouviriam?
Não poderiam faltar "Preciso dizer que te amo", na voz da Cássia Eller, e nem "Todo dia", da Ana Sucha. A primeira é perfeita para a Camila, que tem uma urgência muito grande de falar sobre o que sente, mas tem medo de arriscar. O "te ganhar ou perder sem engano" tem muito a ver com os medos da Camila. Já a Helena é o contrário dela, é uma pessoa despojada, despreocupada e não vê empecilhos para viver um amor à distância. E acho que a música passa bastante a ideia de um relacionamento sem preocupações.
Love, Nina :)
Estou adorando ver muitas obras de LGBT+. É sempre importante falar sobre esses assuntos e o que mais gosto nessas obras é como eles lidam com as inseguranças e falam dos seus sentimentos. Achei ótima sua resenha e a entrevista.
ResponderExcluirBeijos,
Blog PS Amo Leitura
eu sigo a Lethycia no instagram e adoro o trabalho dela, tô muito ansiosa pra ler esse conto, deve ser maravilhoso e o que você falou me deixou ainda mais esperançosa com a leitura, preciso muito!
ResponderExcluirTem tudo a ver com o meu trabalho aqui na internet! <3
Olá, tudo bem? Não conhecia esse conto ainda, mas achei bem bacana a premissa, principalmente por abordar esse tema super importante. Adorei a resenha!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Oi Nina, amei seu post! Gostei muito de conhecer esse conto e de conferir a entrevista. Achei bem legal a ideia de termos duas mulheres que só se conheciam pela internet e também o fato de elas quererem aproveitar o tempo juntas pela cidade, já quero ler!
ResponderExcluirÉ mesmo muito importante — e satisfatório — ver que na literatura o padrão de personagens esta sendo quebrado. Estou interessada pelo conto, assim que disponível, lerei pelo KU.
ResponderExcluirBeijos,
Blog Diversamente
AMO/SOU obras assim, acho que trazer e agir e ler normalmente obras lgbtqia+ é a melhor forma de tornar rotineiros e mostrar a necessidade e força dessas obras, adorei a capa e já to curiosa :3
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirO mercado editorial está abrindo gradativamente mais espeço para livros que tenha personagens e protagonistas LGBTQIA, acho que é uma representatividade válida e necessária que visa a inclusão e extirpar o preconceito. Fico feliz por esses personagens estarem ganhando vida e a representatividade estar aumentando. ^^
Andy - StarBooks
Que resenha maravilhosa, Nina! E também gostei muito de você ter trazido uma entrevista com a autora. Eu não conhecia o livro ainda e gostei muito da premissa dele.
ResponderExcluirQue resenha incrível, adorei a forma como abordou a obra eu não a conhecia mais gostei muito de saber a respeito.
ResponderExcluirNossa que resenha sensacional, eu nao conhecia a obra mas fiquei muito curiosa para saber como está história vai se desenrolar. Um beijo.
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