Beleza oculta: um filme sobre frases de efeito

Desde o pré-lançamento do filme Beleza oculta, que conta com o maravilhoso Will Smith, eu quis vê-lo. O tempo passou e finalmente consegui assisti-lo. Não foi nada do que eu imaginava, mas foi um bom passatempo. 

Título original: Colleteral Beauty

Direção: David Frankel

Ano: 2017

Duração: 1h37

Gênero: Drama

★★★

Beleza oculta trata da vida. Da vida machucada, maltratada, mas que, apesar disso, ainda é bonita. A gente vê muito por aí pessoas que dizem que são dos fracassos que crescemos e que conseguimos dar a volta por cima, né? O filme tem um pouco disso, de trazer essa positividade. 

O longa fala de um homem que perdeu a filha e que, por conta disso, se isola e não tem mais vontade de viver. Apesar de ele achar que está vivendo da maneira que pode, o espectador vê um homem desolado, confuso, em depressão em meio ao luto. Os amigos dele, que trabalham com ele, então descobrem um segredo dele: Howard escreve cartas, mas não para pessoas. Ele escreve cartas para o Amor, para o Tempo e a Morte. Nas cartas, dá para perceber que ele continua com muita raiva represada. Então, os amigos resolvem aliar seus desejos pessoais com os profissionais: mostrar que Howard não tem condições mais de tomar decisões relacionadas ao trabalho. 

Os amigos, então, conhecem um trio de atores, que aceita fazer os papéis de Amor, Tempo e Morte. O intuito é que Howard passe por alguém "louco". Acontece que o plano se desvia um pouco do planejado em muitos aspectos. Os atores se envolvem emocionalmente com os amigos de Howard. O Tempo começa a dar conselhos à uma mulher que acha que já passou da hora de ser mãe biológica. A Morte se relaciona com um homem que está muito doente. E o Amor precisa fazer com que um pai que perdeu o amor da filha entenda que o amor ainda existe. 

Essa abordagem funciona. Apesar do clichê, o relacionamento das personagens é, obviamente, um alerta ao telespectador. As frases de efeito existem aos montes, é tão barato e clichê que funciona para a proposta. 

Eu esperava bem mais do filme. Apesar de ser algo bem filosófico, eu esperava algo mais profundo, para além de frases de efeito e coincidências bobas. No entanto, Beleza oculta consegue surpreender mesmo assim com seu final. O final guarda duas revelações ótimas e que pega o telespectador quase que desprevenido. 

Ainda que Beleza oculta seja previsível, meio pobre de novidades, ele funciona, porque é sensível de um jeito clichê e suave. O filme fala sobre depressão de um modo contundente, sobre o luto e sobre a renovação da vida, o que convence por trazer mensagens bonitas para vidas, às vezes, tão tribuladas. O filme também fala sobre como é frágil o fio que nos liga aos outros e que todos estamos conectados de algum jeito, ou seja, não estamos todos sozinhos. 

Nada está morto se você olhar direito.