Conectadas: o amor no meio dos games

Desde que fiquei sabendo do lançamento de Conectadas, da Clara Alves, eu soube que precisava deste livro. Foi somente alguns meses depois que consegui comprá-lo e, felizmente, ele atingiu todas as minhas expectativas e se tornou um dos meus livros LGBT mais queridinhos do momento.

Título: Conectadas

Autora: Clara Alves

Editora: Seguinte

Ano: 2019

Páginas: 313

★★★★★❤

Raíssa mal via a hora de poder jogar no computador do pai, então quando chegou a hora, ela ficou muito feliz, mas, tempos depois, percebeu que ninguém queria jogar com ela, por ser uma garota. Foi aí que teve a ideia de se apresentar como um garoto. Conectadas já inicia com machismo nos games, o que é uma pauta bem comum neste meio. Ayla conhece Raíssa jogando Feéricos, um jogo de RPG. Raíssa não tem coragem de contar que seu perfil masculino esconde, na verdade, uma garota, mas se conecta cada vez mais com Ayla. 

Em Conectadas temos momentos online, com conversas cotidianas entre Raíssa e Ayla, e também a visão de cada uma. Os capítulos são intercalados entre as duas, o que nos faz adentrar cada vez mais em suas vidas. Na angústia e na culpa que Raíssa sente por mentir para Ayla. Na conturbada relação entre mãe e filha, por parte de Ayla. E, apesar de serem duas garotas narradoras, as vozes delas são bem distintas, pelo menos para mim. 

A autora traz etnias diferentes no livro, transformando mera representação em representatividade. Temos Raíssa, uma garota negra, e Ayla, que tem descendência oriental. Particularmente, eu gostei demais de Ayla, por causa desse "mergulho" que o leitor faz, mesmo que não tão aprofundado, na descendência dela. 

Se tudo já não estivesse encrencado o suficiente, acontece de as meninas terem a chance de se conhecerem pessoalmente. Aí, entra Leo, melhor amigo de Raíssa, que já se passava pelo Leo virtual. Mas será que a vida real pode superar a vida online? 

Conectadas traz um enredo atual, jovem, divertido e muito empolgante. O leitor acompanha Raíssa em sua missão de esconder a verdade a todo custo, e também Ayla, que está no meio do campo de batalha que o casamento dos pais se tornou. Gostei demais da relação de Ayla com sua tia Sayuri, que é uma coisa linda. E, apesar de alguns problemas, a relação de Raíssa com a família também tem lá seus pontos positivos. 

O livro também traz a representatividade da sexualidade. As personagens têm uma profundidade imensa, são verossímeis e muito reais. É uma leitura que dá um quentinho no coração ao mesmo tempo que traz assuntos conturbados. Conectadas é uma jornada em busca de si mesma, em busca de autoafirmação e de amor-próprio. Ambas as personagens têm muito a oferecer e a ensinar. 

A capa, como vocês podem ver, é uma gracinha e foi tanto por isso que eu também quis conhecer Ayla e Raíssa, adorei como a ilustradora conseguiu colocar as personagens na capa (me serviu bastante no início, para diferenciar as meninas). 

A autora conseguiu falar com o público jovem, mas também acho que conseguiu falar com o público em geral, pois a narrativa é conquistadora logo no início, especialmente porque traz assuntos diferentes e atuais. 

Ao final do livro, temos uma entrevista bem legal com a autora, vale bastante a pena!

Love, Nina :)