Rainhas Geek: amor, cultura pop e referências

Fazia muito tempo que eu via muita gente recomendando Rainhas Geek, da Jen Wilde, mas eu ainda não podia comprá-lo. Acabou que, finalmente, o comprei e foi uma das leituras mais divertidas que fiz nos últimos dois meses, que foram preenchidos por leituras meio mornas. Então, Rainhas Geek me renovou no amor aos YAs :)

Título original: Queens of Geek

Autora: Jen Wilde

Editora: Planeta

Páginas: 252

Ano: 2017

★★★★★❤

Na trama, temos duas narradoras: a Charlie e a Taylor. Elas e Jamie, o amigo que completa o trio, estão nos EUA para uma convenção de cultura geek/pop, porque Charlie é uma das convidadas do evento. Ela está divulgando seu filme e os problemas começam logo no começo. Acontece que seu ex-namorado Reese também estará na convenção, pois faz par com ela no filme, e tudo o que Charlie mais quer é ficar longe dele. 

Logo no início, vemos Charlie ainda se reconstruir após o término, por isso ela ainda está com raiva e receosa. Ela não quer ser vista de jeito nenhum com Reese, por mais que saiba que grande parte de seu público os quer juntos. Mas acontece que o destino dá a sua ajudinha e Charlie acaba conhecendo sua ídolo internética, a Alyssa. Sem poder esconder que Alyssa é sua crush há anos, Charlie se vê cada vez mais dividida.

No outro lado temos Taylor, uma garota que sofre de ansiedade e que tem que ouvir coisas desagradáveis sobre seu corpo por ser gorda. Ela é extremamente insegura e cautelosa, mas é super fã de uma saga literária que faz o maior sucesso e está convencida de que só quer curtir a convenção com seu cosplay de Rainha Firestone. Taylor é, também, apaixonada pelo seu melhor amigo, o Jamie.

O livro nos apresenta uma história jovem, divertida e atual. Misturando o universo geek e pop, Rainhas Geek consegui fisgar logo de primeira. Além disso, as personagens são carismáticas e muito humanas. Os problemas que Charlie e Taylor têm acabam sendo muito sentidos e compreendidos pelo leitor. 

Para quem ama um clichê romântico, também temos! É fácil se deparar com cenas super clichês - tipo elevador encrencado, rs -, mas que apenas fazem nosso coração ficar quentinho. Uma vez que as personagens não são o padrão hétero-branco, os clichês são super bem-vindos. Charlie é de descendência asiática, e Jamie, latina. Além disso, o livro fala sobre padrões estéticos e compulsórios, como a gordofobia e a LGBTfobia. Charlie, a gente descobre, é bissexual, e isso tem um poder positivo incrível na trama. 

Rainhas Geek tem tudo para agradar a todos. A leitura é dinâmica, divertida e permeada de referências de filmes e músicas. A autora conseguiu criar um universo dentro do nosso universo cultural muito real, você se pega torcendo para todas as personagens e odiando Reese, que é o perfeito machista LGBTfóbico. 

Eu me apeguei demais na Taylor, porque me vi demais nela. Muitas passagens sobre ansiedade me definiram completamente e conseguiram explicar para o mundo como é conviver com esse transtorno. Além de ansiedade, Taylor também está no espectro autista, pois tem Asperger. Ver uma personagem Aspie de forma tão positiva me alegrou demais! 

Rainhas Geek também fala de sonhos, do medo do futuro e fama de forma muito acessível e encorajadora. O leitor acaba o livro sabendo que ele atingiu o propósito, que é de o proporcionar uma transformação. Com certeza, é o meu queridinho do momento. 

Comecei a SupaCon obcecada por mudar o jeito como as pessoas me viam, mas agora sei que nunca vou poder controlar o que os outros pensam. Não é tarefa minha convencer os outros de quem eu sou. Minha única obrigação é ser quem eu sou. Tudo que posso fazer é descobrir o que me faz feliz e viver tudo isso. 

Love, Nina :)