TOP 5: o que aprender com Miss Americana

Em 29 de janeiro, a Netflix liberou o documentário Miss Americana, que fala sobre a vida pessoal e artística da Taylor Swift. Durante um pouco menos de uma hora e meia, o espectador entra em contato com uma Taylor que faz um retrospecto de sua vida, passando por fama, "queda" e reconstrução (da carreira e de si mesma). 


O documentário é brilhante na hora de dar voz a uma artista que o público viu crescer, mas que, apesar de tudo, nunca revelou muito de si mesma (além do óbvio visto em suas músicas). Então, logo no início, descobrimos que a Taylor se agarra a um sistema de crenças desde criança, que é simplesmente o de ser uma boa garota. É claro que, se você for um hater, isso vai soar esquisito. Afinal, foram muitos os nomes que deram a ela: vadia, cobra, falsa, controladora, ardilosa, má, perversa e, acima de tudo, uma vitimista. 

Depois de 2009, quando Kanye West retirou o microfone da mão dela no VMA, aconteceu muito ódio por parte de pessoas que não gostavam dela, ou que a achavam uma piada. Segundo ela mesma, foi uma experiência transformadora, pois foi um tipo de catalizador para muitos caminhos psicológicos que ela seguiu e nem todos foram bons, tudo porque ela não sentia que seu lugar era ali. 

Se, antes, ela conseguia se destacar de seus colegas e amigos por oferecer narrativas que ela mesma compunha, o que a distingue dos outros, depois de 2009, Taylor se viu completamente numa solidão obscura. Para quem necessitava da aprovação dos outros, isso a atingiu de uma forma totalmente negativa. Ela se sentia muito sozinha e amargurada e ninguém a viu por um ano. Nisso, Taylor pensou que teria de recomeçar tudo de novo e foi aí que teve de desconstruir o sistema de crenças para a própria sanidade. 

Com isso, entrou em cena uma nova Taylor. Com seu álbum reputation, ela pôde pôr para fora tudo o que sentia sobre raiva, rancor e amor. Durante esse tempo, sua visão sobre o mundo também mudou e ela se viu, mais uma vez, em uma situação destruidora quando um ex-DJ que a assediou a processou. Em resposta, Taylor o processou por um dólar e ganhou, apesar de ela não ter sentido um senso de vitória, já que o processo do julgamento foi humilhante. Antes dessa situação, ela era obcecada por não se meter em problemas, pois não queria ninguém comentando sobre. Mas, agora, ela percebeu que ficar calada era estar conivente. 

Em dado momento, Taylor quebrou a forma de como ser uma boa garota. E com essa nova boa garota, aqui vão cinco lições para se aprender com Miss Americana:

1. Você não precisa sempre fazer o que os outros esperam
A Taylor diz que, em dada época da vida, tinha se tornado a pessoa que todos queriam que ela fosse. Ela era a garota boazinha, amiga de todos, sempre calada sobre temas grandes, e cada vez mais angariava prêmios. Pelo fato de ela ter essa crença de querer ser boa, os outros a foram moldando até que ela era simplesmente um produto, não uma pessoa. O público simplesmente jogava expectativas em cima dela, e ela correspondia. Acho que não tem nada mais triste do que a gente viver para os outros e, sim, a indústria artística tem isso como consequência, mas perder esse controle de quem você é e de quem os outros construíram de você é algo que pode trazer problemas até mesmo psicológicos. Mesmo que você não seja alguém famoso, é fácil perder o controle desse limite. Então, é importante que, primeiro de tudo, a gente saiba quem é para não ser moldado pelos outros. E, depois, estabelecer limites. Na época do auge da Taylor, ela ainda era meio nova para entender como se impôr como pessoa e, especialmente, como artista, mas, com o passar dos anos, ela foi entendendo como tudo isso a afetava e foi, aos poucos, tomando as rédeas da própria essência. 

2. Seja verdadeira consigo mesma
A certo ponto, Taylor se deu conta que era hora de tirar a fita adesiva de sua boca, para sempre. Esse momento foi quando aconteceu as eleições de meio de ano nos EUA. No Tennessee, estado da cantora, a candidata conservadora Marsha Blackburn estava na liderança, que votou contra a Lei de Violência contra as Mulheres (que protege contra perseguições, estupro e violência doméstica) e contra o pagamento justo para as mulheres. Então, Taylor fez um pronunciamento histórico: declarou apoio ao democrata  Phil Bredesen. Antes, ela não sabia se as pessoas queriam ouvir as suas opiniões políticas e acreditava que ser uma "boa garota" era também sobre não impôr suas opiniões às pessoas e não constrangê-las por suas opiniões. Agora, ela simplesmente diz "foda-se". E ser verdadeira consigo mesma é, também, sobre perceber sobre o que a gente se levanta. Isso exige um autoconhecimento grande, porque significa que isso vai, com certeza, nos tirar da zona de conforto. Ser verdadeira é também sobre não ter medo, fazer as coisas independentemente dos outros. 

3. Seja você
Antes, a Taylor acreditava que as pessoas só queriam ouvi-la falar sobre términos e sentimentos e que ser uma artista country envolve não impôr sua visão política, mas, depois que foi assediada, ela percebeu que não poderia mais ficar calada sobre as coisas que acreditava. Isso faz parte, também, de um autoconhecimento que, claro, é um processo grande. Geralmente, a gente só vai se autoconhecer depois dos 20, pois é mesmo muito comum que, na juventude, a gente não reflita sobre nós mesmas. O processo vai demorar, mas isso só significa que, a cada dia, você vai descobrir um pouco mais sobre si mesma. E isso pode ajudar demais outras pessoas, dependendo do que você vai fazer com o que descobriu. 

4. Desconstrua
É comum que tenhamos, como a Taylor, um sistema de crenças. E acho que para nós, mulheres, essa crença de ser uma boa garota é bem comum. É claro que não precisa acontecer algo horrível na sua vida para você desconstruir seu sistema de crenças. Comece devagar, com coisas do seu dia a dia. A Taylor começou a desconstruir, por exemplo, a misoginia. Dá para desconstruir um monte de coisas: o racismo, a lgbtfobia, os sistemas de classe, o sistema capitalista. É importante lembrarmos que nada é imutável e que nós, mais do que tudo, somos mutáveis. Ou seja, a gente sempre pode reconsiderar opiniões, não é feio. 

5. Acredite nos seus sonhos
Desde os 12-13 anos, a Taylor mantinha um diário e foi ele que a levou a sonhar em fazer música. Acreditar nos nossos sonhos é algo incrível e, sim, pode ser complicado fazê-los tornar realidade. Mas é a partir deles, dos nossos sonhos, que também nos moldamos enquanto pessoas, enquanto indivíduos. São nossos sonhos que nos dão propósito, que nos fazem ir além. Então, apesar de difíceis a serem alcançados, não podemos desistir deles, especialmente porque eles fazem parte da nossa essência.


Acho que para quem é mulher e feminista, essas lições podem nos auxiliar demais a nos unir com outras mulheres e repensar que tipo de feminismo estamos construindo. 

Ainda quero ter uma escrita crítica, uma pele fina e um coração aberto.

~

Se você também já viu Miss Americana, o que você aprendeu com ele?


Love, Nina :)

9 comentários:

  1. Oi Nina, parei de assinar a Netflix e fiquei por fora dos lançamentos. Apesar de não ser fã da artista, acho sempre interessante assistir a estas biografias, parece que tudo é sempre glamour, mas na verdade a vida real das celebridades é bem diferente disso. Adorei a dica.
    Bjos
    Vivi
    Blog Duas Livreiras

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  2. Oi mana!!
    Ai, eu vi você falando muito sobre esse doc no twitter e no instagram kkkk
    A minha fase de fã da taylor acabou tem uns bons anos, mas eu ainda admiro muito o trabalho dela e vi que todo mundo que fala sobre ele, fala muito bem. Ainda quero muito ver esse documentário, ele parece ser cheio de lições. Adorei o que você disse, me deu ainda mais vontade de ver!

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  3. Oi Nina!

    Ainda não consegui ver o documentário da Taylor, tem tempos que não consigo ficar parado para ver Netflix, mas, ainda o pretendo fazer. Para ser sincero eu sempre ouvi as músicas da Taylor e sempre a achei extremamente talentosa, mas eu nunca fui com a cara da pessoa "Taylor Swift" porque era claro e obvio que aquele ar de boa moça era um personagem, ninguém consegue ser tão isentão em tudo.
    Sinceramente dizer que ela não teve seus momentos de picuinhas provocados pela mesma é se fazer de cego, ela foi vitima sim, mas, ela também foi culpada em alguns casos. Por mais que esse papel de boa moça fosse uma "crença" dela, no fim ela também se aproveitou bastante disso, Taylor era a cara do privilégio estado-unidense e representar esse papel de boa moça ajudou bastante a carreira dela, além claro do próprio talento, afinal você não faz sucesso sem fãs por mais talentoso que você seja.
    No fim, eu passei a ver a Taylor com novos olhos quando enfim ela largou as amarras e decidiu largar esse papel de boa menina e tomar posicionamentos, mas, sempre lembrando que ela só fez isso depois que a carreira dela estava consolidada e não correria nenhum risco.

    Beijos!
    Eita Já Li

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  4. Oi, amei conferir suas considerações e seus aprendizados com o documentário. Eu gosto muito da Taylor desde a adolescência, e acho super interessante ver como ela foi amadurecendo e encontrando sua voz, passando a se expressar e se posicionar mais, como é mostrado no documentário.

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  5. Hey!
    Eu não tinha parado para ver do que esse documentário se tratava, mas sempre gostei muito da Taylor e fiquei extremamente tentada assistir.
    Acredito que pela mudança de rotina pelo isolamento, devo dar uma chance a série.

    Beijos, adorei seus comentários!

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  6. Olá, tudo bem? Acho que o documentário com certeza é um prato cheio para os fãs, pois como assim você falou, muitos deles cresceram junto dela. Eu não faço parte desse grupo, então acaba que muitas das referências seriam perdidas por mim. O estilo musical e o modo comportamental da Taylor nunca foi algo que me prendesse, então acaba que nunca tive laços emocionais ou tenha me tornado fã. Acho importante termos outras temáticas relevantes sendo abordadas no documentário, e fiquei feliz com o fato de aprendermos várias coisas com ele. Ótima postagem!
    Beijos

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  7. Olá,
    Interessante o post sobre os aprendizados, acho legal quando tiramos algo bom de algum documentário. Não sou muito fã de documentários, mas gostei de conhecer os pontos que Miss Americana aborda.

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  8. Embora eu não seja fã da artista, eu tenho curiosidade com essa série, acho que ela tem mensagens importantes e atuais e que pode ser uma experiência interessante assistir. Gosto bastante de documentários e os que vi na Netflix até hoje me agradaram, então acredito que esse também vá me agradar.

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  9. Olá não conhecia a série, mais achei muito bacana o seu post apontando o lado positivo da produção, gostei de saber o envolvimento que a série traz e fiquei curiosa para conferir!

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